05

jun/2012

Afinal de contas, quem está enganando os servidores públicos federais?

Por *Fabiano Viana Santos

Fabiano Viana Santos

Hoje (05/06), duas matérias focadas no mesmo evento foram veiculadas no sítio da Agência Brasil, que é a agência de notícias da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). As matérias versavam sobre o discurso da presidenta Dilma, realizado no Palácio do Planalto, durante a cerimônia oficial de comemoração pelo Dia do Meio Ambiente.

A primeira nota veio com o título: “Dilma: crise financeira não pode ser argumento para fim de políticas de proteção ao meio ambiente“. E noticiava em seu corpo que a crise financeira internacional não pode ser usada como argumento para que se interrompam as políticas de proteção ao meio ambiente e de inclusão social.

Desta matéria destaco a seguinte fala atribuída à presidenta Dilma. O negrito é por minha conta e risco:

“É possível enfrentar essa crise e continuar o desenvolvimento sustentável. A crise não pode ser argumento para que se interrompam as políticas de proteção ao meio ambiente e estamos vendo que nada adianta defender políticas de ajuste sem que o país cresça”.

A segunda matéria veio sob o título:Dilma diz que governo tem “arsenal de medidas” para enfrentar crise financeira internacional“.

Neste texto, ficou claro que a Presidenta disse que quem apostar na crise financeira internacional “vai perder de novo” e que o governo brasileiro tem um “arsenal de medidas” para enfrentá-la. Dilma disse ainda que nos próximos meses o Brasil irá crescer. Torço muito por isso, mesmo sendo cético perante promessas políticas. Só gostaria que a Presidenta fosse mais objetiva e esclarecesse quem vai ou está apostando na crise internacional, pois, quem está perdendo com ela e com a política adotada pelo Governo Federal está perfeitamente claro: os Servidores Públicos Federais e, em consequência, a Sociedade.

E Dilma continuou discursando: “Essa nova onda que vem do exterior não pode derrotar os povos do mundo. Sistematicamente tomaremos medidas para expandir o investimento público, estimular o investimento privado e o consumo das famílias. O Brasil vai se manter no rumo, as medidas estão sendo tomadas e ainda temos um arsenal de providências que serão adotadas, quando necessárias.”, mais uma vez o negrito é por minha conta e risco.

Sei que a comemoração do Dia do Meio Ambiente e a luta que os Servidores Públicos Federais vêm realizando em prol de melhorias salariais e trabalhistas em nada se confundem ou se relacionam. Mas, não pude deixar de ficar confuso com frases tão emblemáticas e contraditórias ditas pelo Governo Federal quando comparadas com as respostas recebidas pelas diversas categorias profissionais que integram o Serviço Público Federal em suas mesas de negociação.

Essa confusão ou contradição foi gerada pelo fato de que todas as categorias dos Servidores Públicos Federais vêm, há um tempo considerável, ouvindo do e no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) que as reivindicações por melhorias salariais e condições dignas de trabalho, apresentadas durantes as mesas de negociação Geral e Setorial, não podem ser atendidas, justamente, por causa da “crise financeira internacional”.

Diante do discurso de Dilma, tiro a seguinte conclusão: para não valorizar os Servidores Públicos Federais a tal crise é usada pelo Governo como desculpa e apresentada como “o bicho de sete cabeças”. Mas, para ganhar votos, arrancar aplausos ou elogios internacionais a crise é tratada nos discursos como um simples resfriado. Uma coisa fraca e passageira que deve ser ignorada diante da atual capacidade governamental.

Para simplificar o raciocínio, indago: não entendi mesmo o discurso ou tem alguém querendo enganar a boa-fé daqueles que têm a obrigação legal de zelar e trabalhar em prol do meio ambiente, segurança, saúde, educação, …, desse país?

*Fabiano Viana Santos é diretor de secretaria do SINPRF/DF e diretor de comunicação e divulgação da FenaPRF – (viana@fenaprf.org.br)

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