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out/2012

Amil vira americana

Controle da maior empresa brasileira de medicina suplementar é vendido por R$ 6,5 bilhões a UnitedHealth

A empresa norte-americana UnitedHealth entrou no mercado brasileiro de saúde suplementar, ontem, ao fechar a compra do controle da Amil Participações por R$ 6,5 bilhões, apostando na expansão do serviço no país. Outros R$ 3,4 bilhões deverão ser gastos para comprar ações de minoritários em 2013, totalizando R$ 9,9 bilhões. “Para nós, o potencial parece ser o mesmo que o mercado dos Estados Unidos tinha 20 anos atrás ou mais”, afirmou o presidente da UnitedHealth, Stephen J. Hemsley, mencionando a ascensão da classe média e políticas de estímulo ao setor de saúde no Brasil.

A receita da Amil, que tem hospitais e clínicas próprias, deve chegar a cerca de R$ 10 bilhões em 2012, avanço de 15% sobre o ano passado. O grupo tem aproximadamente 6 milhões de usuários.

A UnitedHealth, maior companhia de planos de saúde dos Estados Unidos, vai pagar R$ 30,75 por ação da Amil, 21,5% a mais que o preço de fechamento do papel na Bovespa na sexta-feira. A empresa desembolsará R$ 6,5 bilhões de reais por 58,9% da Amil, que estão nas mãos dos controladores Edson Bueno e sua ex-mulher, Dulce Pugliese Bueno. Além disso, R$ 3,4 bilhões deverão ser desembolsados por 30% da companhia que pertencem a acionistas minoritários por meio de uma oferta pública no primeiro semestre de 2013 — o valor estimado se refere ao que será gasto caso todos os minoritários aceitem a proposta. Ao final da operação, a UnitedHealth deverá ter cerca de 90% do capital da Amil.

Os controladores atuais continuarão com 10% do capital da empresa pelo prazo de pelo menos cinco anos. Edson Bueno continuará no cargo de presidente da Amil e cuidará de um plano de sucessão. Ele se compromete, pelo acordo, a comprar US$ 470 milhões (R$ 954 milhões) em ações da UnitedHealth, tornando-se o maior investidor pessoa física da empresa.

O negócio acontece apesar de investidores estrangeiros mostrarem cautela com o Brasil, diante de incertezas em setores regulados por agências federais, incluindo energia elétrica, telecomunicações e saúde. Na semana passada, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) suspendeu por três meses a venda de 301 planos de saúde, administrados por 38 operadoras. Segundo a agência, as operadoras descumpriram prazos máximos de atendimento para consultas, exames e cirurgias.

A UnitedHealth espera obter benefícios fiscais estimados em US$ 600 milhões de dólares com a compra da Amil nos Estados Unidos, o que reduzirá o valor efetivo da operação para US$ 4,3 bilhões. A empresa norte-americana tem presença nos mercados da Austrália, no Oriente Médio e no Reino Unido.

Desde 1972

A Amil começou a se formar em 1972, quando Edson Bueno comprou uma pequena maternidade em Duque de Caxias (RJ). Depois de adquirir outras duas clínicas nos anos seguintes, foi criada a Amil Assitência Médica, que foi gradualmente expandindo operações. Em 2009, a Amil comprou a rival Medial e se tornou a maior empresa de saúde do Brasil.

Fonte: Correio Braziliense

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