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ago/2012

Brasil precisa de R$3,7 bi para virar potência olímpica no Rio

Levantamento do Correio mostra que nos quatro anos do último ciclo olímpico, encerrado ontem, o país gastou,de dinheiro público, R$ 1,85 bilhão com o esporte. Apesar disso, ficou apenas na 22ª colocação no quadro geral em Londres, com 17 medalhas. Na capital britânica, o COB estabeleceu como meta para o Rio-2016 ficar entre os 10 primeiros,o que significaria dobrar a quantidade de pódios. Pelo atual custo-medalha — R$ 109 milhões, cada uma — essa projeção apontaria para um investimento acima dos R$ 3,7 bilhões.

Apesar de ter gastado R$ 1,85 bi em quatro anos, país saiu de 23º em Pequim para 22º em Londres. Se quiser cumprir a meta do COB, visando 2016, terá de dobrar número de medalhas. E, provavelmente, de dinheiroNotíciaGráfico

Brasília e Londres — Apesar do maior investimento já feito pelo país durante a preparação de uma equipe brasileira para disputar os Jogos Olímpicos, o desempenho em Londres ficou aquém do que se esperava. Houve recorde na quantidade de medalhas — 17, duas a mais do que em Pequim —, mas o país participou de menos finais em 2012 (35 contra 41 há quatro anos) e subiu apenas uma posição no quadro geral, de 23º para 22º. Esse único degrau custou R$ 1,85 bilhão — valor investido no último ciclo olímpico, de 2008 para cá, em dinheiro público.

Levantamento exclusivo do Correio mostra que, só da Lei Agnelo/Piva, foram injetados R$ 514 milhões (leia quadro detalhado ao lado) nesses quatro anos. Em entrevista, ontem, em Londres, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) informou que foram R$ 331 milhões dessa lei, que destina 2% do arrecadado com as loterias federais ao esporte (leia reportagem ao lado). A conta do COB, além de apresentar um valor menor, não leva em consideração outras fontes de recursos públicos: demais leis de incentivo ao esporte (R$ 434 milhões), os convênios do Ministério do Esporte (R$ 200 milhões), bolsa atleta (R$ 232 milhões) e investimentos de empresas estatais, como Correios e Petrobras (R$ 476 milhões).

O Brasil foi representado nos Jogos Olímpicos de Londres por 259 competidores em 32 modalidades. Embora o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, tenha dito que o valor de uma medalha não possa ser medido em reais, cada uma das 17 conquistadas em Londres pelos brasileiros custou R$ 109 milhões. O valor aproximado de R$ 1.856.500.000, que saíram dos cofres públicos entre 2008 e 2012, bancaram a construção e modernização de centros de treinamento, realização de intercâmbio, participação em competições no Brasil e no exterior, aquisição de materiais e aparelhos, pagamento de bolsas, entre outros fins.

O custo medalha serve ainda para projetar as próprias metas estabelecidas pelo COB. Apesar do desempenho em Londres, o comitê estabeleceu como objetivo que, daqui a quatro anos, atuando em casa, a delegação brasileira deve ficar entre os 10 primeiros. Para se ter uma ideia, a 10ª colocada destes Jogos, a Austrália levou mais do que o dobro do Brasil: foram sete ouros, 16 pratas e 16 bronzes, totalizando 35 medalhas. Embora não haja uma relação de ação e consequência na quantidade de medalhas e no dinheiro investido, a conta é simples: se dobrar o número de pódios significar dobrar também os recursos aplicados, com isso o país teria de desembolsar R$ 3,7 bilhões para chegar no sonhado top 10.

Sem expectativa
Investir em atletas que praticam modalidades de alta performance, buscando a excelência, resulta, necessariamente, em investimentos mais vultosos de recursos em aprimoramento de tecnologia, qualificação de profissionais e atletas e participação em competições dentro e fora do país. Presidentes de confederações e chefes de delegações enviados a Londres ouvidos pelo Correio, no entanto, foram unânimes ao avaliar a importância dos investimentos feitos na preparação dos atletas: o volume desembolsado pelo Brasil cresceu significativamente nos últimos anos, mas parece insuficiente para transformar o país em uma potência olímpica.

Ricardo de Moura, chefe da equipe de natação em Londres, lembra, porém, que não adianta apenas dinheiro sem a elaboração de um programa bem planejado e programado. “Todas as pessoas envolvidas com esporte têm de pensar juntas. Ainda falta foco no Brasil. Temos de passar 24 horas por dia vivendo esporte competitivo. Nada pode mudar. Programas, desenvolvimento e foco. Se isso não ocorrer, não teremos expectativa nenhuma em 2016”, afirma.

Fonte: Correio Braziliense

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