O Brasil exibe níveis crescentes de investimentos em rodovias, embora aquém do necessário para melhorar a qualidade da malha. Os aportes somados do governo e das concessionárias mais que dobraram em quase uma década, saltando de R$ 5,82 bilhões em 2002 para R$ 14,31 bilhões no ano passado (valores de dezembro de 2011). Entretanto, será preciso desembolsar o equivalente a R$ 183,5 bilhões na recuperação da infraestrutura rodoviária, já que muitas estradas estão em péssimas condições. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) prevê a aplicação de R$ 50 bilhões no setor.
As conclusões são de um estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que indica também que, apesar do avanço do programa de concessões, a participação da iniciativa privada no setor está próxima do limite. Significa que os investimentos em rodovias necessitarão de recursos públicos para investimento corrente e no longo prazo.
Segundo Carlos Álvares Campos Neto, coordenador de infraestrutura econômica do Ipea, o governo federal já concedeu 4.763,8 quilômetros de rodovias. Considerando outros 3.663 quilômetros que estão programados, o total de 8.426,6 quilômetros repassados à iniciativa privada representa 13,6% da malha rodoviária federal, estimada em 62 mil quilômetros. “Os nossos estudos indicam que 15% da malha pavimentada interessaria ao setor privado por causa do fluxo de veículos, que é o fator que determina o retorno do investimento, ou seja, estamos perto do limite de fazer concessões”, explica.
A margem estreita para transferência de trechos para a iniciativa privada – pouco mais de dois pontos percentuais, o que equivale a cerca de 1,2 mil quilômetros – obriga a revisão do modelo de concessão, abrindo caminho para as chamadas Parceiras Público Privadas (PPPs). Mesmo assim, Campos calcula que os aportes públicos em rodovias pavimentadas tendem a ser predominantes no longo prazo. O pico de investimentos em rodovias ocorreu em 2010, quando foram aplicados R$ 14,57 bilhões. O problema não é a falta de dinheiro, mas a ineficiência na alocação dos recursos financeiros, diz Campos.
Fonte: Valor Econômico