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abr/2013

Inflação passa meta e cresce pressão por alta de juros

A inflação acumulada em 12 meses estourou, em março, a meta do governo, aumentando a pressão de economistas e do mercado por uma resposta do Banco Central (BG), com a elevação na taxa básica de juros (hoje em 7,25%). O índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador utilizado na meta, atingiu 6,59% em 12 meses, a maior taxa desde novembro de 2011, informou ontem o IBGE.

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que decide a taxa de juros, será realizada na semana que vem.

O resultado do IPCA levou os investidores a elevarem suas apostas em uma alta na próxima reunião. Os negócios fechados na Bolsa de São Paulo indicam uma chance de 80% de uma alta. A alta seria de 0,25 ponto porcentual, elevando a taxa a 7,5% ao ano.

Para a economista Priscila Go-doy, da Rosenberg & Associados, o BC será contraditório se não elevar a Selic após o IPCA acumulado superar o teto da meta. Outros economistas dizem que o BC está mais propenso a iniciar a alta em maio, como Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/ FGV), e Solange Srour, do BNY MellonARX.

Os alimentos foram os principais responsáveis pelo estouro da meta, respondendo por cerca de 50% da inflação em 12 meses. O IPCA veio mais comportado em março, mas os produtos alimentícios ainda subiram de forma considerável no mês, apesar dos esforços do governo.

O efeito da desoneração de S itens da cesta básica, anunciada no início de março, ainda não pôde ser percebido com clareza, segundo Eulina dos Santos, coordenadora de índices de Preços do IBGE. “Algum efeito houve, no sentido de reduzir a taxa de crescimento em produtos específicos.”

Outras contribuições para o alívio nos preços, segundo Eulina são as previsões de saíra recorde em 2013, com aumento da produção de soja e arroz, além da melhora nas condições climáticas nos EUA e Argentina.

Produtos beneficiados pela desoneração figuraram na lista de maiores quedas entre os alimentos: açúcar, carnes e óleo de soja. Porém, todos já tinham registrado deflação em fevereiro.

Segundo Eulina, os produtos estavam ficando mais baratos por outros fatores, como a entrada da safra, mas a desoneração pode ter ajudado os preços a recuarem mais. Entre os itens de higiene desonerados, apenas a pasta de dente ficou mais barata.

A conta de luz voltou a subir no mês, depois dos esforços do governo para cortar o valor da tarifa em 18%. Mas Eulina disse que a redução nos dois primeiros meses do ano ainda está segurando o IPCA.

Os aumentos vieram sobre um preço mais baixo. Embora no IPCA de março tenha tido um impacto, as pessoas estão de fato pagando 18% menos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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