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out/2012

Ministro reafirma apoio na segurança e Alckmin diz que ‘ajuda é bem-vinda’

Ministro da Justiça e Secretário da Segurança trocam críticas sobre ajuda. Onda de crimes já deixou 86 policiais mortos em São Paulo neste ano.

Secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, e o ministro José Eduardo Cardozo (Fotos: Helvio Romero e Ed Ferreira/Estadão Conteúdo)

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reafirmou nesta quarta-feira (31) que São Paulo recusou oferta de ajuda federal para conter a onda de criminalidade no estado. Ainda nesta manhã, o governador Geraldo Alckmin procurou minimizar a polêmica entre as administrações: Alckmin disse que não recebeu ofício do ministério, mas afirmou que “toda ajuda será bem-vinda”.

Na terça-feira, Cardozo e o secretário de Segurança Pública Ferreira Pinto trocaram críticas. Primeiro, o secretário negou ter recebido oferta de ajuda formal, disse ter apenas recebido visita de cortesia do ministro em julho e ainda questionou qual seria o papel da Polícia Federal na onda de violência. Após as declarações, à tarde, o ministério divulgou nota rebatendo Ferreira Pinto.

Nesta manhã de quarta, Alckmin afirmou que conversa sempre que necessário com a União. “Quero deixar muito claro que toda ajuda é bem-vinda”, disse, acrescentando que tem trocas permanentes de informações com a Polícia Federal e “bons projetos” com o governo federal, tanto para o fundo de segurança como para o fundo penitenciário.

 


“Acho que a melhor coisa que um homem público deve ter nas horas de crise é a humildade. A arrogância não resolve absolutamente nada. São Paulo tem uma excelente polícia, homens capacitados, mas a Polícia Federal também tem e o país sabe disso”

José Eduardo Cardozo,
ministro da Justiça


 

Em entrevista à TV Globo, Cardozo afirmou que a União está à disposição para ajudar com inteligência e alocação de detentos em presídios federais. Ele rebateu afirmações dadas pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto.

Na terça-feira, Ferreira Pinto havia dito que o estado não recebeu oferta de ajuda do governo federal na área de segurança e que teve apenas uma visita de cortesia do ministro em julho. Ele ainda criticou a Polícia Federal, dizendo que ela não tem conhecimento a realidade dos presídios paulistas, de onde líderes comandam ações criminosas.

Cardozo criticou o secretário. “Acho que a melhor coisa que um homem público deve ter nas horas de crise é a humildade. A arrogância não resolve absolutamente nada. São Paulo tem uma excelente polícia, homens capacitados, mas a Polícia Federal também tem e o país sabe disso”, afirmou.

 


“O que o governo federal pode oferecer? A ajuda da polícia? Nós temos uma polícia civil aqui altamente especializada, com mais de 30 mil homens e a Polícia Federal tem 10 mil para o país inteiro. Força Nacional? A Força Nacional é uma força virtual que contém um grande contingente da polícia de São Paulo”

Antônio Ferreira Pinto,
secretário de Segurança Pública de São Paulo,
em entrevista na terça-feira (31)

Presídos e inteligência
Nesta quarta, o ministro da Justiça disse que o governo federal oferece presídios federais de segurança máxima para abrigar líderes de organizações criminososas cuja permanência no estado represente algum risco à segurança pública.

Segundo ele, a colaboração conjunta entre governo federal e governos estaduais tem produzido bons resultados. Ele citou os exemplos do Rio de Janeiro e Alagoas onde o combate ao crime organizado e a redução da violência estão dando certo.

O governo de São Paulo esclareceu em nota que não recebeu o ofício a que se refere a assessoria de comunicação do Ministério da Justiça. Assim que o receber, adotará todas as providências para intensificar a cooperação no combate ao crime, inclusive no intercâmbio de informações para o aperfeiçoamento do controle das fronteiras.

Nesta quarta, o departamento comunicação do Ministério da Justiça classificou de inaceitável e inverídica a afirmação de que a elevação da violência em São Paulo deriva do descontrole nas fronteiras.

Operações
Um dia após o governo de São Paulo admitir que houve ordem de criminosos para matar policiais, a Polícia Militar de São Paulo ampliou nesta quarta-feira (31) para a Favela de São Remo, na Zona Oeste, operações contra o tráfico e suspeitos de ordenar execuções. Em Paraisópolis, a polícia localizou uma lista com 40 policiais ameaçados de morte.

Na segunda operação realizada nesta semana em uma favela de São Paulo, a Polícia Civil prendeu um suspeito de gerenciar o tráfico na Favela de São Remo. Na casa dele foram encontrados mais de R$ 10 mil e dois tijolos de maconha. No quarto dos fundos do imóvel ele construiu uma banheira de hidromassagem, com televisão de plasma.

Parte da droga traficada na favela era preparada nesta casa, que servia como laboratório. Os equipamentos de refino foram apreendidos. A operação aqui na favela São Remo é para tentar localizar os responsáveis por pelo menos um dos assassinatos de policiais militares ocorridos recentemente.

Os policiais procuram suspeitos que podem ter participado da morte de um soldado da rota há pouco mais de um mês. André Peres de Carvalho tinha 40 anos e estava há 20 na corporação. Ele foi morto a tiros no dia de folga, em frente a casa onde morava, perto da favela. Desde o começo do ano, 86 policiais foram mortos.

Violência
A violência atinge também pessoas comuns. Só da noite de terça para quarta nove pessoas foram assassinadas, entre elas, três moradores de rua. Em Carapicuiba, na Grande São Paulo, um ônibus foi incendiado. Desde o final de junho já foram 33.

Na segunda-feira a polícia começou a operação saturação na favela de Paraisópolis – uma das maiores de São Paulo. Lá foi encontrada uma lista com os nomes de quarenta policiais que estariam marcados para morrer.

A Secretaria de Segurança afirma que um dos mandantes desses crimes é Francisco Antônio Cesário da Silva, o Piauí. Ele tem antecedentes criminais por homicídio, sequestro, formação de quadrilha e roubo. E está preso desde agosto na penitenciária de segurança máxima de Avaré, no interior do estado.

Fonte: G1

 

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