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abr/2013

MT: PRF apreende R$ 1 milhão em espécie

Em ação de rotina, a Polícia Rodoviária Federal apreendeu anteontem à noite no porta-malas de um carro três cheques da Assembleia Legislativa do Mato Grosso, no valor de R$ 58 mil cada, emitidos durante uma das primeiras gestões do atual presidente da Casa, o deputado estadual José Riva (PSD), que atualmente responde a mais de cem processos na Justiça. Numa mesma bolsa foram encontrados, ainda, R$ 790 mil em notas de R$ 100 e mais 50 mil euros (cerca de R$ 150 mil).

Os cheques estavam no carro dirigido pelo pecuarista Alvimar de Araújo Costa e, apesar de não terem data, trazem a assinatura do governador de Mato Grosso, Sinval Barbosa, com menção à época em que ele era deputado e tinha o cargo de “ordenador de despesas” da Assembleia Legislativa.

De acordo com Alvimar, os cheques seriam usados para comprar imóveis em Belo Horizonte. No passado, o Ministério Público descobriu que cheques da Assembleia eram usados para pagar serviços a empresas fantasmas, num desvio de verbas estimado em R$ 65 milhões. Empresas de factoring compravam os cheques das empresas e repassavam os valores a pessoas indicadas por deputados estaduais.

Pecuarista será investigado

A Assembleia Legislativa informou que não emite cheques há pelo menos dez anos, desde a descoberta do esquema. Em depoimento prestado à polícia, Alvimar disse ter encontrado os cheques no chão do estacionamento da Assembleia.

– Já fiz negócios com o seu Alvimar, comprei e vendi gado dele. Ele nunca prestou serviços para a Assembleia, já chequei na contabilidade e não sei porque esses cheques estavam com ele – disse Riva.

Alvimar será investigado pela Polícia Federal pelo crime de lavagem de dinheiro. Outras três pessoas que estavam no carro no momento da abordagem também foram ouvidas e liberadas.

O desvio milionário de recursos da Assembleia no fim dos anos 1990 e início dos anos 2000 – um dos maiores esquemas de corrupção do Legislativo já descobertos no país – ainda pode estar gerando lucro para seus beneficiários, embora já tenha sido investigado pela Polícia Federal, denunciado pelo MP, e motivado condenações na Justiça por improbidade administrativa.

Fonte: O Globo

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