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out/2012

Outubro Rosa: forças unidas contra o câncer de mama

Por * Luiz Antonio Santini

Entrando na última semana do outubro, que é “rosa” desde a década de 1990, por ser marcado por ações para intensificar os esforços pela detecção precoce de uma doença que, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), atinge cerca de 52 mil brasileiras por ano, valem reflexões sobre o tema. Muitos avanços foram conquistados, mas os desafios para vencer o câncer de mama, principalmente no que se refere ao diagnóstico precoce e à redução da mortalidade, são constantes. Temido pelas mulheres, se diagnosticado cedo, tem grandes chances de cura.

Em balanço divulgado recentemente, o Ministério da Saúde informou que mais de um milhão de mulheres entre 50 e 59 anos fizeram mamografia no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), um aumento de 41% em comparação ao mesmo período de 2010. Total de 2.139.238 exames, sendo 1.022.914 na faixa prioritária, contra 726.890 naquele ano, nessa mesma faixa de idade.

Com o objetivo de ampliar a capacidade de diagnosticar melhor e cada vez mais cedo, o Ministério da Saúde instituiu o Programa de Mamografia Móvel no SUS, por meio da Portaria nº 2.304. A ideia é qualificar e ampliar a assistência oncológica no país — principalmente entre as mulheres das camadas mais carentes da população. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assinou a portaria que consiste na liberação de unidades oncológicas móveis que percorrerão locais estratégicos dos municípios (definidos pelas secretarias de saúde) para a realização do exame.

No mês em que é celebrada uma união de forças entre sociedade civil, ONGs e governo, muitas são as ações para marcar o Outubro Rosa. Sem falar que, mundo afora, holofotes cor-de-rosa iluminam monumentos como a Torre de Pisa, o Arco do Triunfo, o Palácio do Planalto, o Santuário da Igreja da Penha e o Cristo Redentor a fim de chamar a atenção de todos para a detecção precoce da doença.

Desde o primeiro ano em que o Inca participou do Outubro Rosa, em 2010, o objetivo foi levar à sociedade o que essa instituição — referência nacional e internacional na área oncológica — já absorveu ao longo dos 75 anos de história: conhecimento técnico em uma linguagem de fácil acesso. Este ano, o instituto se reuniu com profissionais da saúde e da sociedade civil, como os movimentos das mulheres para debater o que ainda é necessário para melhorar esse cenário.

O instituto busca constantemente capacitar e atualizar os profissionais na área oncológica. Nesse sentido, acaba de lançar curso gratuito para atualização dos técnicos de radiologia que fazem o exame mamográfico. A iniciativa foi do Serviço de Qualidade em Radiações Ionizantes do Inca e faz parte do conjunto de ações em curso no país para a melhoria da qualidade da mamografia.

Outra ação extremamente importante vai entrar em vigor em janeiro: todos os serviços de diagnóstico por imagem que realizam mamografia no país terão de aderir ao Programa Nacional de Qualidade em Mamografia. O PNQM tem como objetivo garantir a qualidade dos exames oferecidos à população e minimizar o grau de risco associado ao uso dos raios X na mamografia e será executado pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), pelo Inca, pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), pela Secretaria de Atenção à Saúde (SAS/MS).

A Anvisa coordenará o PNQM no que concerne ao monitoramento do programa de garantia de qualidade dos serviços de mamografia. O Inca, no que diz respeito à avaliação da qualidade das imagens clínicas das mamas e do laudo das mamografias, podendo ser apoiado por instituições públicas de ensino e pesquisa na área e entidades profissionais com comprovada qualificação técnica para essas finalidades, como o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). A ANS deve tomar as providências para que as operadoras de saúde exijam dos serviços de mamografia o cumprimento do PNQM.

Os serviços públicos e privados de saúde tiveram prazo de março até dezembro para se adequar aos critérios estabelecidos pelo programa e, a partir de janeiro, só será pago o exame de mamografia que tiver sido realizado conforme as diretrizes estabelecidas. Sabe-se que o caminho é longo e ainda tem vários desafios, porém a ideia de que a união faz a força, no caso do combate ao câncer de mama, é bem maior que um simples ditado popular.

*Luiz antonio Santini – Diretor-geral do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Fonte: Correio Braziliense

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