11

maio/2013

PMDF alega defeito e devolve 3,4 mil tasers, avaliadas em R$ 11 milhões

PM disse que produtos só serão pagos quando problema for solucionado. Compra de capas de chuva levou à troca de comandante na última semana.

A Polícia Militar do Distrito Federal anunciou a devolução de 3.453 pistolas elétricas e os respectivos cartuchos, compradas com dispensa de licitação por R$ 10,8 milhões, por falta de qualidade do material. De acordo com a corporação, elas seriam usadas para inibir crimes nas copas das Confederações e do Mundo. Na semana passada, a compra de capas de chuva para os mesmos eventos levou à troca do comando da PM.

O tenente-coronel Zilfrank Araújo afirmou que as pistolas chegaram no final do mês e foram avaliadas por uma comissão, que encontrou produtos com mau funcionamento, frágeis e apresentando peças danificadas. Ele disse que o procedimento de inspeção é padrão e que, como previsto no contrato, a verba não vai ser repassada para a empresa até que o problema seja solucionado. Enquanto isso, elas estão estocadas no quartel-general da PM.

Os kits foram fabricados pela Condor Equipamentos Não Letais, do Rio de Janeiro, que foi notificada da situação na segunda e tem 30 dias para se manifestar. Araújo afirmou que ela foi contratada com dispensa de licitação por ser a única empresa nacional que fabrica o produto.

A empresa negou ao G1 que foi notificada pela PM. A Condor disse que foi informada apenas de problemas pontuais em acessórios e em uma pequena parte do lote entregue. Também afirma que esses problemas já foram ou estão sendo corrigidos.

O chefe da área de comunicação, coronel Edilson Rodrigues, afirmou que os policiais estão sendo treinados há algum tempo para usar as armas, que foram compradas pela corporação pela primeira vez.

“[Elas foram adquiridas] dentro da nossa política de buscar equipamentos de menor letalidade na ação policial, era importante comprar isso aí, sim. E até mesmo por conta dos grandes eventos e a possível presença de um grande número de turistas estrangeiros.”

Troca de comando
O novo comandante-geral da Polícia Militar do DF, Jooziel Freire, tomou posse nesta terça-feira (7). Ele substituiu o coronel Suamy Santana, que foi exonerado do cargo na semana passada após o anúncio da compra de até 17 mil capas de chuva por R$ 5,3 milhões.

A aquisição dos itens foi incluída na licitação de materiais relacionados às copas das Confederações e do Mundo – junho e julho, época de seca em Brasília – e culminou com a queda do comandante anterior. O governador Agnelo Queiroz disse em nota considerar a compra das capas um “ato desmedido”.

Santana disse que a inclusão das capas de chuva na licitação para as copas foi um “erro administrativo”. “Burro eu não sou e seria incapaz de comprar 17 mil capas de chuva para serem usadas no período de seca no Distrito Federal na Copa do Mundo. Seria o cúmulo da idiotice”, disse o coronel durante coletiva.

O valor da licitação também levantou questionamentos. Pelo valor da licitação, cada capa custaria mais de R$ 300. Capas semelhantes no mercado custam entre R$ 50 e R$ 60, de acordo com levantamento feito pela reportagem do DFTV.

Santana defendeu a compra de novas capas em substituição às antigas, que têm anos de uso, e disse que as que seriam licitadas são diferentes das convencionais e garantia de cinco anos dada pelo fabricante. Segundo ele, as capas relacionadas para os dois eventos esportivos têm material refletor, para serem enxergadas à distância, e dão mais mobilidade para os policiais.

O coronel disse ainda que não assinou o documento autorizando a compra do material, mas que tinha conhecimento da situação e que não poderia responsabilizar um subordinado pelo suposto erro. “A culpa foi minha”, afirmou.

Fonte: G1

COMPARTILHAR