17

jan/2014

RS: PRF aponta falhas de segurança em rodovia onde 7 morreram no RS

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) diz que o trecho de oito quilômetros de pista dupla da BR-386 em Pouso Novo, no Vale do Taquari, apresenta falhas de segurança e de infraestrutura. Na noite de quarta-feira (15), sete pessoas morreram após uma sequência de colisões provocada por um caminhão no km 307 da rodovia.

Para o chefe da 4ª Delegacia da PRF no Rio Grande do Sul, inspetor Adão Vilmar Madril, a ausência de divisórias físicas no trecho, uma reivindicação atual da corporação, poderia ter evitado mortes. Além disso, a região segue sem contar com uma balança para checar o peso dos caminhões, o que atrapalha a fiscalização.

Somente nos oito quilômetros, 46 acidentes foram registrados em 2013, com 28 feridos e um morto. O número pode ser maior, já que a PRF contabiliza apenas óbitos ocorridos nos locais dos acidentes, sem levar em conta quem perde a vida após atendimento médico.

“É uma pista com quatro faixas, mas nada impede um veículo invada pista contrária. Foi o que aconteceu ontem. O caminhão bateu em um automóvel Tipo e jogou veículo para a pista contrária”, explicou Madril ao G1.

Já os problemas gerados pela ausência de balança na rodovia se intensificaram em abril do ano passado, com o fim do contrato com uma concessionária privada, que cedia o equipamento. Agora, com a rodovia devolvida ao controle da União, os policiais fiscalizam caminhões por meio das notas fiscais ou tíquetes de pesagem mostrados por motoristas.

“É um problema normal no Brasil. A legislação permite que a gente leve até uma balança mais distante para fazer pesagem. Se tivéssemos o equipamento aqui seria mais fácil fiscalizar”, comenta o inspetor.

Madril ainda lembrou que é alta na região a frequência de caminhoneiros que recorrem a medicamentos ou drogas para se manterem acordados. “Acontece ‘aos montes’. Eles precisam cumprir horários, tomam algum ‘rebite’ e chegam a rodar 16 ou 18 horas sem dormir. Quando o efeito do medicamento ou droga ‘corta’, pode ser fatal.”

Procurado pela reportagem, o Departamento Nacional de Infraestrutura em Transporte (Dnit), responsável pelo trecho, alegou que por ter assumido a BR-386 somente no final do ano passado, após o fim do contrato de concessão, houve pouco tempo para mudanças.

Eventuais investimentos na rodovia ainda dependem de um Estudo de Viabilidade Técnica Econômica e Ambiental, iniciado em dezembro de 2013 e com término previsto para abril. Segundo o órgão, o trabalho irá apontar a eventual necessidade de instalação de muretas divisórias ou a ampliação dos trechos duplicados, mas não há previsão de obras.

Investigações

Nesta quinta-feira (16), a Polícia Civil de Estrela, que assumiu as investigações sobre o acidente, ouviu testemunhas. Relatos de pessoas que visualizaram o caminhão em alta velocidade, antes do ponto onde ocorreram as colisões, seriam indicativos de que o caminhão teria perdido os freios, como suspeita a PRF.

Os laudos da perícia ainda não estão prontos. O tacógrafo do caminhão foi localizado, mas como o veículo ficou danificado, ainda não há confirmação de qual velocidade ele chegou a atingir. “Ainda não podemos dizer que ele perdeu o freio. Pode ter sido uma falha mecânica ou humana. Ele poderia também ter dormido ao volante, não descartamos isso”, disse ao G1 o delegado titular em Estrela, José Romaci Reis.

Como foi o acidente

Segundo testemunhas e relato dos envolvidos à PRF, um caminhão seguia no sentido interior-capital, quando bateu na traseira do veículo que seguia à frente no mesmo sentido, um Tipo.
Com o impacto, o Tipo bateu em um Premio que estava em sua frente e foi impulsionado para a faixa contrária, colidindo com um Uno que estava no sentido capital-interior. Com a batida, o Tipo e o Uno incendiaram sobre a pista. Enquanto isso, o caminhão cruzou a pista e bateu contra um barranco, causando a morte do motorista. Já o Premio rodopiou na pista e parou.
Um Corolla que seguia sentido capital-interior, ao lado do Uno, na faixa da direita, teve a lateral esquerda danificada no choque dos dois últimos veículos, mas ninguém ficou ferido.
A PRF suspeita que o caminhão tenha perdido os freios. “Aqui acontecem vários acidentes, justamente devido ao declive, onde muitos caminhões perdem os freios pela inexperiência e desconhecimento do local”, ressaltou o policial rodoviário Roberto Stein. A Polícia Civil de Lajeado investiga as causas do acidente.

Identificação das vítimas, segundo a PRF

Caminhão, de São Miguel das Missões (RS)
Edilson Fontana Alves, 37 anos, motorista, morador de Entre-Ijuís (RS).

Tipo, de Tubarão (SC)
Alison Barbosa Schmitz, 22 anos, morador de Canoas (RS), motorista.
Janete Barbosa Schimitz, 41 anos
Assumção Schmitz, 50 anos
Zilda Schmitt, 53 anos
Sueli Schmitz, 50 anos
Todos morreram no local do acidente.

Uno, de Santo Ângelo (RS)
Diego Kother Duarte, 37 anos, morreu no local.
Premio, de Porto Alegre
Quatro feridos já liberados do hospital.

Corolla, de Promissão (SP)
Ocupado por quatro pessoas, todas ilesas.

Fonte: G1

COMPARTILHAR