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maio/2014

Proposta para a legalização da maconha no Brasil é criticada por pesquisadores

Foto: Agência Câmara

O Brasil tem 3 milhões e meio de usuários de maconha, dos quais meio milhão são adolescentes. Esses dados foram apresentados pelo diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas do CNPq, Ronaldo Laranjeira, um dos pesquisadores convidados à audiência pública, na Comissão de Legislação Participativa, sobre os riscos e impactos da legalização da maconha. O pano de fundo são os dois projetos em tramitação sobre o tema, dos deputados Eurico Jr., do PV do Rio de Janeiro, e Jean Willys, do PSOL do Rio de Janeiro.

O pesquisador apontou um estudo que aponta a diminuição de 8 pontos no quociente de inteligência em quem começa a usar a droga a partir dos 14 anos de idade. Quanto menor a idade, maior o risco de o usuário ter surtos de psicose. Além disso, quanto mais jovem, maior o risco de ficar viciado na droga.

“62% dos usuários de maconha começaram antes dos 18 anos de idade. Esse número de pessoas experimentando maconha pela primeira vez deve aumentar exatamente nessa população de menores de idade.”

No Brasil, isso geraria um impacto social gigantesco se o número de usuários aumentasse segundo a psiquiatra Analice Giglioti, da ABP, Associação Brasileira de Psiquiatria.

“A maconha causa perda cognitiva, ao invés de redução de ansiedade. Causa indiferença ao invés de relaxamento. Causa desmotivação ao invés de paz interior. Todos muito mais próximos da psicopatologia do que do bem-estar.”

Segundo a psiquiatra Analice, um estudo da ABP mostra que 50% de menores ja compraram cigarro sem constrangimentos, o que é um desrespeito à lei. Ela lembra que se para o cigarro a fiscalização não funciona, pior seria com a maconha. Ela afirmou que nos Estados Unidos a experiência mostra que a venda de maconha aumentou nos estados onde ela é regulada, pois o acesso foi facilitado.

Segundo os debatedores, o uso medicinal da maconha é uma expressão errada. O pesquisador da USP José Alexandre Crippa explica que há uma substância da maconha, o canabidiol, que tem utilidade comprovada no tratamento de diabetes, depressão, alzheimer, além de servir de analgésico, anti-enjôo e antipsicótico. Por esse motivo, ele inibe o THC, o princípio ativo alucinógeno que é o chamariz dos defensores da legalização da droga.

“O efeito benéfico dos canabinóides não pode ser usado como justificativa para a legalização da maconha para fins recreativos.”

O projeto do deputado Eurico Júnior, do PV do Rio de Janeiro, que legaliza a maconha, está na Mesa da Câmara, onde aguarda a criação de uma comissão especial. O vício de drogas atinge no Brasil quase seis entre cada 100 brasileiros. Essas 8 milhões de pessoas provocam problemas em suas famílias. No total, cerca de outros 28 milhões de brasileiros são atingidos indiretamente pelo vício de drogas.

Fonte: Rádio Câmara

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