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set/2012

Receita lança ofensiva para cobrar R$ 86 bi de devedores

Num momento de arrecadação em baixa, a Receita Federal lançou ontem  ofensiva para cobrar dívidas de R$ 86 bilhões. Serão chamados 541.890  contribuintes para regularizar a situação e quitar débitos em atraso, na maior  operação de combate à inadimplência. O alvo principal serão os 317 maiores  devedores do País. Juntos, eles têm um débito de R$ 42 bilhões. As empresas que  detiverem concessão do governo poderão perder a licença.

Num cenário de desempenho fraco da arrecadação, a Receita Federal lançou  ontem uma ofensiva para cobrar dívidas de R$ 86 bilhões. Na maior operação de  combate à inadimplência da história do Fisco, 541.890 contribuintes serão  chamados a regularizar a situação e pagar os débitos em atraso.

O alvo principal serão os 317 maiores devedores do País, que devem R$ 42  bilhões.

Nesse grupo, estão 302 empresas e 15 pessoas físicas. Entre esses  contribuintes, está a pessoa física que mais deve: R$ 43 milhões. Uma das  empresas da lista responde sozinha por R$ 1 bilhão. Para pressionar os  devedores, a Receita ameaça tomar medidas de peso.

As empresas que detiverem concessão do governo poderão perder a licença,  segundo o subsecretário de Arrecadação da Receita, Carlos Roberto Occaso.  Companhias que prestam serviços à União poderão ter seus contratos  rescindidos.

A Receita ameaça também arrolar os bens dos devedores, para evitar a  transferência do patrimônio a terceiros. O contribuinte que não acertar sua  situação agora terá o débito inscrito em dívida ativa para posterior execução  fiscal na Justiça.

O cerco da Receita aos inadimplentes também vai atingir 441.149 empresas  optantes do Simples Nacional (o sistema simplificado de cobrança de tributos  federais, estaduais e municipais). A inadimplência no Simples já atingiu 10% do  total de 4,3 milhões de empresas que estão no programa. O valor total dos  débitos do Simples soma R$ 38,7 bilhões.

A Receita deu um prazo de 30 dias para que as empresas com débitos do Simples  resolvam pendência pagando à vista ou parcelado em até 60 meses. Quem não  regularizar o débito será excluído do Simples, programa que garante um  tributação menor às pequenas e médias empresas.

Além disso, serão cobrados R$ 5,3 bilhões de 100.424 contribuintes que  parcelaram as suas dívidas no Refis da Crise (de 2009) e que já estão  inadimplentes. Nesse caso, a inadimplência já atinge 20,6%.

A preocupação da Receita é que, neste momento de recuperação lenta da  atividade econômica, pessoas e empresas deixem de recolher seus tributos, como  fizeram em 2009. A operação torna mais arriscada a opção de deixar de pagar  impostos para quitar outras contas. “Não tem nenhuma relação com a crise ou com  a queda da arrecadação”, afirmou Occaso.

Abuso. Sócio do escritório Mattos Filho Advogados, o advogado Roberto Quiroga  alertou a Receita de que precisa tomar cuidado no trabalho de cobrança de R$ 86  bilhões de dívidas vencidas para evitar abusos e excessos. “É importante que não  haja excessos na tarefa do governo.”

Segundo ele, vez por outra a Receita faz esse tipo de cobrança, mas desta vez  a operação é maior. Para Quiroga, o Fisco está pressionado em aumentar a  arrecadação, principalmente depois das novas desonerações anunciadas pelo  ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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