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jul/2012

Servidores públicos federais recebem Dilma com protesto no Rio de Janeiro

Dilma entra por porta lateral para fugir de servidores em greve, que exigem ‘negociação’.

Servidores prometem ficar no ‘calcanhar’ da presidenta da República enquanto ela não aceitar negociar as reivindicações da categoria.

Visita com ares de campanha eleitoral de Dilma Rousseff ao Rio de Janeiro, na semana passada, não foi nada tranquila. Servidores públicos federais em greve a receberam com um protesto que responsabilizou o seu governo pelas paralisações na educação, saúde, judiciário e mais de duas dezenas de setores do funcionalismo.

Para fugir dos manifestantes, Dilma teve que chegar ao hospital municipal Miguel Couto, na Zona Sul do Rio, ‘escondida’ num furgão de turismo. Em vez usar a entrada principal, o veículo utilizou uma porta lateral da unidade, na qual seria inaugurado um novo centro de emergências. Policiais militares e seguranças da Presidência tentaram retirar os manifestantes à força. Uma servidora foi chamada de ‘vagabunda’ por policiais e afastada da entrada do local de forma agressiva.

A solenidade, ocorrida no dia 6 de julho, já após a abertura do período de campanha eleitoral, teve a presença do prefeito do Rio, Eduardo Paes, candidato à reeleição.

A visita de Dilma foi contestada pelo Ministério Público da União, que viu conotações eleitorais no evento.

Discurso interrompido
Os servidores cobraram negociações efetivas e criticaram o governo por se negar a dialogar com os setores em greve. “Saúde, na rua, ô Dilma a culpa é sua” e “Educação, na rua, ô Dilma a culpa é sua” foram duas das palavras de ordem cantadas. Houve referência à transferência de recursos para banqueiros, a título de juros das dívidas públicas ou socorros monetários, e associação do governo ao escândalo de corrupção envolvendo o contraventor Carlos Cachoeira, alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso Nacional. “Ô, ô, ô, cadê o dinheiro? A Dilma deu tudo pro banqueiro e pro bicheiro”, cantaram os manifestantes.

A presidenta já havia sido alvo de protestos pela manhã, ao entregar apartamentos do programa “Minha Casa, Minha Vida”, na Zona Norte do Rio. Estudantes em greve das universidades federais defenderam com muito barulho a aplicação de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) na educação. Dilma teve que interromper o discurso em determinado momento, pois o ato abafava sua voz. Para tentar contornar a situação, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), puxou um coro ‘olê, olá’ para Dilma. Usou para isso parte dos beneficiários do programa habitacional, além das claques oficiais que sempre são levadas a eventos como esse.

Os grevistas prometeram não deixá-la em paz enquanto negociações com resultados concretos, que considerem a pauta de reivindicações, não acontecerem. “Manifestações como estas denunciam a forma desrespeitosa como o governo Dilma trata os servidores em greve. Estaremos no calcanhar da presidente, com protestos cada vez maiores, em todo estado que ela for”, disse Lúcia de Pádua, dirigente sindical da saúde ligada à CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular).

Fonte: CSP Conlutas

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