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nov/2013

Tudo se degenera, se sucede e se repete, fatalmente

Para entender o “milagre econômico brasileiro”, vamos ter de retroceder até a gestão Castello Branco (1964-66).

Esse período foi marcado pela implementação do Paeg, Plano de Estabilização e Reformas Estruturais, e apesar do sucesso do Plano no que diz respeito aos seus próprios objetivos (estabilização e reformas), o pais continuava preso a um crescimento medíocre e errático (normalmente chamado de stop and go).

Similar na PRF, no período do Governo Lula, a gestão da PRF se limitou a realizar concursos, aquisições de viaturas e participar do então PRONASCI, Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania. Nesse programa existia UMA ação que beneficiava a PRF, dentre as 94 do PRONASCI, iniciando uma ideia de desenvolvimento nacional de policiamento, que em sua implantação beneficiou parte do País, sem conseguir retirar a PRF de seu confinamento a um crescimento medíocre e errático.

Em 1967, sob a administração agora do presidente Costa e Silva, há uma mudança radical na condução da economia no Brasil, e o novo presidente nomeia o Prof. Delfim Netto como Ministro da Fazenda.

Havia naquele período uma forte necessidade de se legitimar o regime militar. O objetivo dos militares era o de justificar o golpe, de mostrar para o que vieram, ou ainda, o de convencer a sociedade de que o novo governo era melhor que o deposto.

Em 2011, sob “Nova” administração, há uma mudança na condução dos níveis de custeio e investimento na PRF. A “Nova” Administração mantém parte de sua estrutura administrativa e monta um Escritório de Projetos Estratégicos, que acaba concentrando todos os investimentos nacionais.

Ocorre que naquele momento era necessário justificar a permanência de uma administração que retira um “General do Poder” e mostra para o que veio, ou ainda, o de convencer aos PRF’s de que a “Nova” Administração é melhor que tudo o que acontecera antes.

Com a mudança da política econômica implementada por Delfim Netto, o crescimento tão cobiçado aconteceu. O “milagre” econômico ocorreu entre 1968-1973, durante os governos Costa e Silva e Médici. Nesses seis anos, o Brasil cresceu a uma taxa média de 11% ao ano. Crescer seis anos seguidos a uma taxa dessa já seria o suficiente para chamar esse período de milagre, mas, além disso, o Brasil conseguiu a enorme façanha de conciliar esse crescimento vigoroso com inflação baixa e equilíbrio no setor externo.

A “Nova” Administração conseguiu nos anos de 2011 a 2013 linhas de financiamento junto ao Governo Federal, que dobraram os investimentos e o custeio da máquina chamada agora de “PRF” e o “milagre da Nova Gestão PRF” ocorreu.

Nesses três anos, a PRF cresceu e seus indicadores foram os melhores resultados possíveis, mesmo com a manutenção de um efetivo igual ao da década de 70, com redução de acidentes e aumento de apreensões de drogas, tudo o que predizia uma “excelente” gestão por resultado.

Agora, uma questão foi e é preocupante para ambos os “milagres”: Como garantir esse crescimento sustentável?

Quando um país está crescendo a um ritmo muito acelerado, costuma-se dizer que aquele crescimento não é sustentável no longo prazo e que em determinado momento o governo deverá “frear” a economia.

Se o governo não o fizer, é bastante possível que uma crise inflacionária ou do setor externo aborte o crescimento.

Portanto, a Teoria Macroeconômica ensina que é melhor crescer mais lentamente, mas de forma contínua, que ter um crescimento rápido, mas que não se sustenta. Os economistas até costumam dizer o seguinte: o crescimento não pode ser como um “vôo de galinha”, ou seja, algo que não se sustenta!

Vamos tentar entender…

Se a economia cresce muito rapidamente, alguns fatores de produção podem ficar escassos. Por exemplo, se a economia começa a crescer aceleradamente, o fator de produção mão-de-obra pode ficar escasso. Nesse caso, o que irá acontecer com os salários? Deverão aumentar. Porém salários maiores representam aumento no custo de produção, o que pode significar aumento de preços.

Compreendeu?

E se o fator de produção matéria-prima se tornar escasso? O raciocínio é o mesmo.

O que isso tem haver com a PRF?

TUDO.

O “milagre da Nova Gestão PRF” já aconteceu! Ocorre que o maior recurso da PRF, o Policial, está escasso como nunca e estamos à beira de um crescimento inédito para a PRF. O crescimento acelerado obriga uma recompensa monetária e estruturante, onde o PRF veja claramente sua missão, visão e valores, porém acompanhada de melhoria de infraestrutura e desenvolvimento pessoal.

Assim é necessário vigilância, pois o ”milagre econômico brasileiro” teve o seu “calcanhar de Aquiles”.

No Brasil, apesar das incríveis taxas de crescimento, associadas à inflação baixa e equilíbrio externo, o “milagre” tinha suas limitações. A principal crítica que se faz ao milagre econômico diz respeito à concentração de renda, pois houve nessa época um aumento da desigualdade entre ricos e pobres.

O vigoroso crescimento da economia não trouxe melhoria na qualidade de vida para todos os extratos sociais.

Por isso a famosa frase atribuída ao presidente Médici, que ao ser indagado sobre a economia teria respondido: “a economia vai bem, mas o povo vai mal”.

Portanto, a reestruturação da PRF pode determinar a concentração ou a distribuição do Poder, equilibrando os processos e evitando as desigualdades entre seus pares, ou fará como o governo militar que fazia um rigoroso controle dos aumentos salariais e reprimia violentamente as manifestações de trabalhadores.

Essa contenção (ou arrocho) salarial também contribuiu para aumentar o fosso entre ricos e pobres.

Vamos evitar o Movimento de “Diretas Já” e os “Caçadores de Marajás”.

Estamos vivendo o agora, e devemos aprender com o passado, pois só assim teremos a PRF que a Sociedade Brasileira clama e almeja.

Autor/Fonte: SINPRF/MS

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