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abr/2012

Violência urbana atingiu 38% dos brasileiros

Ao longo de 30 anos, o Brasil atingiu 1 milhão de homicídios. A guerra urbana em quatro anos matou 192 mil pessoas, mais que muitos conflitos

Pesquisa nacional sobre a segurança pública no Brasil, realizada no mês de março pelo instituto DataSenado, revela que 38% dos entrevistados já foram vítimas de algum tipo de violência ou crime.

O levantamento reflete a insegurança vivida pela população no dia a dia e também mostra o incômodo com a impunidade. As informações são da Agência Senado.

Segundo o DataSenado, ligado à Secretaria de Pesquisa e Opinião (Sepop), o número de pessoas que afirmaram ter sido alcançadas pela violência é maior que o das estatísticas oficiais porque nem todos os casos são registrados.

Das pessoas que se disseram vítimas de crime ou ato violento, 32% afirmaram não ter procurado uma delegacia para fazer o boletim de ocorrência.

Descrença

Em 38% dos casos, o ­principal motivo para não fazer o registro foi a descrença de que a polícia resolveria o problema. O medo do agressor e a falta de provas motivaram, respectivamente, 13% e 12% a não registrar boletim de ocorrência.

Na opinião dos entrevistados, o enfrentamento da criminalidade deve passar pela redução das desigualdades ­sociais, melhorando a educação (39%) e diminuindo a pobreza (12%).

Também se destacou a necessidade de aumentar o rigor das penas (23%), de investir na polícia (12%) e de combater a ­impunidade (11%). A pesquisa indicou ainda que 58% concordam com a proibição do porte de armas para os cidadãos. Para o DataSenado, o número revela uma mudança na opinião pública sobre o tema. Isso porque, no referendo nacional sobre comercialização de armas de fogo, realizado no ano de 2005, 63,94% dos brasileiros em idade de votar optaram por permitir o comércio de armas de fogo no País.

Conflito armado

Ao longo dos últimos 30 anos, o Brasil registrou mais de 1 milhão de homicídios. Da década de 1980 até o final de 2010, foram mais de 35 mil homicídios por ano – média superior à de diversos conflitos armados ocorridos no planeta.

O Brasil passou de 11,7 homicídios em 100 mil habitantes em 1980 para 26,2 em 2010. Um aumento real de 124% no período ou 2,7% ao ano.

A guerra civil de Angola, por exemplo, atingiu média anual de 20 mil mortos. O conflito no Iraque, entre os anos de 2004 e 2007, matou 19 mil pessoas por ano. Nos dois ­casos, os números perdem para a violência urbana no Brasil.

Nos 12 maiores conflitos, que representam 81,4% do total de mortes diretas, nos 4 anos foram vitimadas 169.574 pessoas. Nesses mesmos 4 anos, no total dos 62 conflitos, morrem 208.349 pessoas. No Brasil, país sem disputas territoriais, movimentos emancipatórios, guerras civis, enfrentamentos religiosos, raciais ou étnicos, morreram mais pessoas (192.804) vítimas de homicídio, que nos 12 maiores conflitos armados no mundo.

O Paquistão, que tem número de habitantes semelhante ao Brasil, têm números menores. A pesquisa ouviu, por telefone, 1.242 pessoas, em 119 municípios, entre 19 e 28 de março. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Fonte: Diário do Nordeste

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