Permitir que todos os servidores públicos federais tenham acesso a seus ambientes de trabalho a partir de qualquer computador ou dispositivo móvel (tablet, por exemplo) é o objetivo de um dos vários projetos de mobilidade citados por Marcos Mazoni, presidente da Serpro, ontem durante a abertura do 5º Fórum Internacional de TI Banrisul, em Porto Alegre.
Esse projeto de criação de uma “nuvem privada” do governo federal é desenvolvido na unidade gaúcha da empresa pública com base em software livre. A proposta é permitir que os servidores de outros órgãos tenham, como já acontece com os ligados à Serpro, acesso ao workflow, correio e telefonia sobre IP em qualquer lugar. “Também estamos colocando a ferramenta de desenvolvimento da Serpro para a nuvem, numa iniciativa em conjunto com a Universidade Federal do Paraná”, explicou.
Mazoni detalhou outros projetos de mobilidade que estão em desenvolvimento pelo governo federal – que adotou por princípio que toda a contratação de serviços esteja condicionada à existência de soluções de mobilidade. A ideia, segundo ele, permeia inclusive a contratação de obras públicas, onde a administração pretende aumentar a velocidade de acompanhamento dos trabalhos e de liberação dos recursos através do uso de equipamentos móveis. Esse acompanhamento por tablets deve começar pelas obras de arte (pontes e viadutos) já em junho.
No próximo ano, os avanços em mobilidade devem chegar às indústrias automotivas com a entrada em vigor da exigência de instalação de equipamentos em todos os veículos novos que permitam o bloqueio elétrico dos carros por tecnologia SMS em caso de furto. “Desdobramentos dessa tecnologia, como alertas de manutenção, devem ser explorados pela iniciativa privada.”
Também em 2013 – quando o Brasil sediará a Copa das Confederações – a Serpro prevê o início da operação da identificação eletrônica e do preenchimento de declarações de compras no exterior, que hoje é feito em papel, através de formulários digitais acessíveis aos smartphones. A proposta, que funcionará a princípio em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo e será estendida aos demais aeroportos até a Copa do Mundo 2014, é que a identificação dos passageiros que desembarcam seja feita de forma antecipada e os dados possam ser cruzados com o banco de dados da Interpol antes de o avião pousar.
“A Serpro possui 3 mil desenvolvedores trabalhando em onze sedes espalhadas pelo Brasil. Na unidade de Salvador, todo o trabalho é voltado para soluções de mobilidade. Um dos projetos desenvolvidos lá é o que vai permitir que, no ano que vem, o preenchimento da declaração de Imposto de Renda Pessoa Física seja feito via tablet, uma funcionalidade que estará acessível para aparelhos iPad e Galaxy”, disse, ele ao detalhar que metade dos desenvolvedores são ligados diretamente aos projetos da Receita Federal.
O presidente do Banrisul, Túlio Zamin, salientou que a instituição, ao promover o 5º fórum, vitaliza e revigora um importante espaço de debate, além de reunir especialistas qualificados. Segundo ele, a sociedade, dentro do contexto de mobilidade e convergência, vive pequenas revoluções que levam à reorganização dos meios de produção.
Questões estruturais dificultam a utilização das ferramentas de mobilidade, diz presidente da Dataprev
O presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção, apontou ontem durante o 5º Fórum Internacional de TI Banrisul que o uso feito pelo governo federal das tecnologias de mobilidade poderia ser muito maior, mas esbarra em questões contratuais. Um exemplo, disse ele, é o uso de mensagens SMS (que poderia ser feito pela Previdência Social para avisar o segurado da liberação de benefícios, por exemplo) que ainda depende da contratação de integradores que comuniquem com todas as operadoras, que disputam vantagens comerciais.
“Acelerar o processo de mobilidade é acelerar o processo de canibalização de modelos de negócios que são muito rentáveis para alguns atores”, assegurou ele ao afirmar que “todo mundo sabe que o apagão de infraestrutura vivido pelo País em questão de telefonia é resultado da falta de investimento apoiada num modelo de negócio montado para atender à realidade de outra época”.
Fonte: Jornal do Comércio