19

jun/2012

Secretário quer esclarecimento para combater tráfico de pessoas

Secretário nacional de Justiça usou o São Paulo Fashion Week para divulgar guia

Entre os crimes internacionais, o tráfico de pessoas corresponde à terceira  maior movimentação de dinheiro ilegal envolvendo o Brasil. Para o Ministério da  Justiça, as redes de exploração tem como foco meninas e meninos que sonham com a  carreira de modelo ou de jogador de futebol. Para o secretário nacional de  Justiça, Paulo Abrão, é preciso orientar esses jovens para que não sejam  enganados com propostas de sucesso internacional. Abrão usou o São Paulo Fashion  Week, na semana passada, para lançar uma campanha e um guia de orientação contra  a modelos e jogadores de futebol. O guia teve a participação da Ford Models e da  Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Qual a importância de seu usar um espaço como o São Paulo Fashion  Week para se combater o tráfico de pessoas?

PAULO ABRÃO: O tráfico de pessoas é um crime que ainda  possui uma grande invisibilidade social. E a virtude dessa parceria num evento  como esses é uma possibilidade de expandir uma conscientização, sinalizar para  um público-alvo específico, que são as meninas que hoje pleiteiam a carreira de  modelo, sobre o risco de serem aliciadas por organizações criminosas. É uma  prevenção ao crime.

Mas existe um risco grande desse aliciamento de jovens modelos no  Brasil?

ABRÃO: Isso é uma realidade. O tráfico de pessoas abrange  modalidades relacionadas à exploração sexual de homens e mulheres, à remoção de  órgãos para fins de tráfico ilícito, a prática de trabalho escravo e a adoção  internacional irregular. Mas a maior incidência ainda se dá no campo da  exploração sexual de mulheres.

Há relatos de meninas que viajam ao Exterior acreditando seguir uma  carreira de modelo e acabam nessas redes?

ABRÃO: Sim, chegando lá, essas meninas não estão devidamente  documentadas e acabam entrando em redes de exploração em um país estranho, sem  apoio formal. O Estado tem procurado se instrumentalizar para ter a capacidade  de identificação dessa rede.

Existem estudos de quantas pessoas estão envolvidas ou são aliciadas  nessas redes de exploração?

ABRÃO: O tráfico de pessoas hoje mobiliza a terceira maior  movimentação de ativos ilícitos transnacionais, perdendo só para o tráfico de  armas e de drogas. Embora não tenhamos hoje um conjunto de estatísticas  confiáveis para embasar número concretos, realizamos recentemente uma pesquisa  em parceria com uma organização europeia que mapeou fluxos de tráfico de meninas  e meninos especialmente na Itália e em Portugal. E mostrou a principal região de  busca e aliciamento desses jovens. Ela está localizada na região Centro-Oeste,  especificamente Goiás.

Já se sabe quantas meninas foram resgatadas?

ABRÃO: Só no ano passado, foram abertos 90 inquéritos pela  Polícia Federal para investigar esses crimes. Também são aliciados jovens como  jogadores de futebol para diversos países, inclusive o Oriente Médio.

Fonte: O Globo

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