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out/2012

Leis votadas via mensalão podem ser contestadas

A confirmação, pelo Supremo Tribunal Federal, de que deputados venderam apoio  ao governo Lula pode levar à contestação dos projetos por ele votados e que  contaram com apoio dos partidos envolvidos no escândalo – PP, PMDB, PTB e PR. O  questionamento foi levantado pelo decano da Corte, ministro Celso de Mello, ao  manifestar seu voto na segunda-feira – como antecipado pelo Estado.

Naquela sessão consolidou-se a opinião majoritária, na Corte, de que o  mensalão não consistiu em caixa 2 para ajudar os partidos, mas de compra de  votos para aprovação de projetos de interesse do governo.

Em sua exposição, o ministro Celso de Mello comparou o deputado que vende seu  voto ao juiz que vende sentenças. Se confirmado que o magistrado recebeu  dinheiro para alterar o resultado de um julgamento, lembrou o ministro, aquele  que se sentiu prejudicado pode contestar a decisão e anular a sentença. Neste  caso, segundo o decano do STF, partidos políticos poderiam questionar a validade  das propostas aprovadas à custa do recurso dos votos comprados.

Conforme acusou o Ministério Público – e confirmaram ministros da Corte -,  deputados receberam dinheiro do mensalão para aprovar, por exemplo, as reformas  da Previdência e Tributária e a Lei de Falências. O processo legislativo, por  isso, poderia estar viciado.

Recurso. O PSOL, criado por dissidentes que se rebelaram contra a orientação  do PT e decidiram votar a favor da Reforma da Previdência, ainda no governo FHC,  já estuda um recurso ao Supremo.

Procurado pelo Estado ainda no decorrer do julgamento, o senador Randolfe  Rodrigues (PSOL-AP) acionou a assessoria jurídica do partido para averiguar a  viabilidade de recorrer ao Supremo Tribunal Federal, alegando vícios na  aprovação daqueles projetos.

“Havendo brecha jurídica, eu concordo com essa interpretação: se, para  aprovar a emenda constitucional, foram utilizados meios escusos, ilegais, o  instrumento da compra, da corrupção eleitoral, obviamente o processo de  aprovação não foi amparado pela soberania popular do parlamentar”, disse o  deputado do PSOL do Amapá.

Consultados, alguns ministros do Supremo admitem que a condenação dos  parlamentares, já dada como certa, pode servir de argumento para a contestação  da legalidade dos projetos.

Um dos ministros chegou a lembrar que, nos Estados Unidos, já houve caso em  que foi pedida a anulação de uma lei por esse mesmo motivo – os votos que a  aprovaram teriam sido comprados. Um terceiro ministro afirmou não ver espaço  para contestações, pois as votações, mesmo que compradas, têm “presunção de  legalidade, regularidade e legitimidade”.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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