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out/2012

Ministério vai conter criação de sindicatos

Criação de sindicatos terá regras mais duras

Para  dificultar a abertura desenfreada de sindicatos no Brasil, o Ministério  do Trabalho e Emprego vai aumentar as exigências impostas para a  liberação dos registros sindicais. Está sendo analisada a possibilidade  de se exigir uma cota mínima de trabalhadores em assembleia para aprovar  a criação de uma entidade sindical, assim como certificação digital de  um representante legal e provas documentais de que os fundadores  realmente fazem parte da categoria que pleiteia uma nova representação.

Essas  exigências devem constar em nova norma em substituição à polêmica  Portaria 186, de 2008, cuja legalidade está sendo discutida no Supremo  Tribunal Federal (STF). O texto deve ficar pronto ainda este mês. O  objetivo do governo é impedir a pulverização de sindicatos no país, o  que leva a uma diminuição do poder de negociação. Nos últimos cinco anos  foram criados 1.378 sindicatos. Atualmente, existem 14.464 entidades  sindicais, sendo 9.957 de trabalhadores e 4.737 de empregadores. O  restante são federações e confederações.

A Portaria 186, no  entanto, estimulou esse movimento ao abrir a possibilidade de existência  de várias entidades sindicais representando uma mesma categoria, numa  mesma cidade. A legislação brasileira veda a criação de mais de uma  organização sindical de um setor em um mesmo território. A nova portaria  deve corrigir esse problema. Sua efetividade, no entanto, depende ainda  de atualização da tabela de categorias.

Em entrevista ao Valor, o  secretário de Relações de Trabalho do ministério, Messias Melo,  explicou que, no atual cenário econômico do país, a criação de tantos  sindicatos é preocupante, pois enfraquece as negociações trabalhistas e  aumenta as diferenças regionais no mercado de trabalho. O movimento em  países desenvolvidos é totalmente inverso. Além disso, segundo Melo, o  governo quer impedir a criação de entidades fantasmas.

Para evitar  acusações de que o governo está intervindo nos sindicatos,  paralelamente, Messias busca a constituição, em conjunto com o Conselho  Nacional de Relações de Trabalho, de um “manual de boa conduta” para  estimular a autorregulação. “É correto fazer uma assembleia de criação  de entidade sindical na noite de réveillon? Eu, ministério, não posso  dizer a hora, o local e as condições, mas podemos, junto com as  entidades, acumular alguns conceitos do que seriam boas práticas”,  questionou o secretário. “Nessa parte, que eu não posso intervir,  queremos criar alguns consensos”, acrescentou.

O ministério quer  também elaborar uma nova tabela de categorias profissionais para limitar  os desmembramentos ou a criação de sindicatos essencialmente da mesma  categoria.

Os representantes dos trabalhadores e empregadores  defendem alteração na Portaria 186, mas ainda há divergências. Segundo o  presidente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do  Brasil (CTB), Wagner Gomes, a portaria incentiva a criação de entidades  fantasmas e isso precisa ser alterado. Ele defende ainda a elaboração de  uma tabela de categorias. Recentemente, foi criado no Rio de Janeiro o  sindicato do soldador, sendo que essa categoria, na avaliação de Gomes,  já é representada pela representação dos metalúrgicos. Mas como não há  uma especificação clara na tabela, o registro do novo sindicato foi  liberado.

Para o gerente de Relações de Trabalho da Confederação  Nacional da Indústria (CNI), Emerson Casali, a sindicalização funciona  por setor, ou seja, vários sindicatos formam uma federação estadual e  juntas uma confederação. “A Portaria 186 possibilitou, de forma  inconstitucional, que qualquer grupo de sindicatos de uma mesma  categoria poderia se juntar e formar uma federação.”

Casali também  ressaltou a discussão sobre tabela de categorias. Segundo ele, a partir  de 2005, o ministério começou a adotar uma lista interna e “criou uma  confusão muito grande no registro sindical”. “A tabela original tem uma  base legal. A partir do momento em que o ministério criou uma tabela  interna, isso começou a gerar muitos problemas. Um dos desafios é tentar  organizar o sistema.”

Fonte: Valor Econômico

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