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jun/2013

Rio de Janeiro: Violência no trânsito: com morte, valor perdido chega a R$ 800 mil

Na época, foram considerados nove itens, como custos médico hospitalares, seguro, despesas com funerais e a perda de rendimento futuro das vítimas, em caso de mortes (R$ 374 mil). Com relação aos feridos, o estudo de 2004 levava em conta as despesas com seguro, serviço de atendimento de emergência e até mesmo os custos com congestionamentos e danos ao patrimônio público e aos automóveis (R$ 90 mil). Para Erivelton Pires Guedes, técnico pesquisa do Ipea, há outras variáveis que precisam ser incluídas nos custos atuais:

— Estamos fazendo não só a atualização monetária, como também incorporando outras variáveis. Por exemplo, temos notado um aumento considerável de acidentes envolvendo motociclistas. Muitos morrem, e outros ficam sequelados. O sequelado grave tem um custo muito elevado para a sociedade, porque envolve a recuperação dessa vítima ou mesmo a aposentadoria precoce. Hoje temos motociclistas jovens já aposentados.

Uma avenida de risco

Muitos dos ferimentos causados pelos acidentes, como um todo, estão concentrados na cabeça e pescoço (51%). Cerca de 15% estão concentrados nos órgãos superiores, e 18% nos órgãos inferiores, conforme dados do Dnit. Além dos acidentes de moto, os atropelamentos são considerados eventos com alta probabilidade de causar lesões graves nas vítimas.

E no Rio, a Avenida Presidente Vargas, no Centro, é a via mais perigosa da cidade, segundo um cálculo da Cet-Rio, que leva em conta o número de vítimas por quilômetro. No ano passado, a taxa de acidentes na via chegou a 28,6 casos por quilômetro, maior até mesmo que o identificado na Avenida Brasil (11,5).

E o problema se concentra muito na altura da Central do Brasil, onde desde abril do ano passado a Cet-Rio instalou grades, criando novos percursos para os pedestres. Muitos simplesmente ignoram as barreiras e se arriscam em meios aos carros. Uma equipe do GLOBO foi ao local e identificou as rotas criadas pelos pedestres.

Foi possível constatar que aqueles que descem dos ônibus, no sentido Candelária, criaram 14 percursos alternativos. Para isso, eles pulam as grades ou abrem passagem pelos cabos de aço, atravessando a via fora da faixa. Isso porque o sistema criado pela prefeitura instituiu apenas dois pontos de travessia. Um no sinal na altura da Rua General Caldwell e outro em frente ao Campo de Santana.

No ponto de ônibus mais próximo da General Caldwell, o pedestre precisa caminhar cerca de 52 metros para chegar à faixa de travessia. Se descer no segundo ponto e preferir seguir até a passagem na altura do Campo de Santana, terá que caminhar 140 metros. Não é muito, mas o suficiente para várias pessoas preferirem o caminho mais curto: pulando a grade de divisão da Presidente Vargas.

O GLOBO também testou o tempo de travessia dos pedestres nos dois pontos instituídos pela prefeitura. Sem correr, o pedestre não consegue chegar ao outro lado da Presidente Vargas, no sinais de travessia na Rua General Caldwell, sentido Central. Em 34 segundos, os sinais na Presidente Vargas, sentido Praça da Bandeira, se fecham para pedestre. Já no sinal do Campo de Santana, sentido Central, é possível fazer a travessia em 50 segundos. No sentido inverso não dá tempo, pois os sinais se fecham para os pedestres em 43 segundos.

— Completamos um ano do novo sistema, e os resultados se mostraram bastante significativos na redução de atropelamentos. Está o ideal? Não. A desobediência do pedestre tem levado a uma situação de risco extremo. Em um ano, identificamos a necessidade de intensificar a campanha lá, melhorar a sinalização. Talvez esteja havendo pouca comunicação com o pedestre. Temos que informar os caminhos e os benefícios que eles terão obedecendo as novas regras — diz Ricardo Lemos, coordenador de desenvolvimento da Cet-Rio.

Fonte: O Globo

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