Os protestos por reajustes salariais e melhorias nas condições de trabalho dos policiais rodoviários federais pelo país já mostram efeitos no patrulhamento de rodovias do Estado do Rio. Apesar de a categoria negar uma paralisação, alguns postos da Polícia Rodoviária Federal (PRF) estão vazios. No domingo, uma equipe do GLOBO percorreu trechos de rodovias e constatou a ausência de agentes trabalhando na Niterói-Manilha. A Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais afirmou que, no Rio, os cerca de 600 agentes usam uma faixa branca amarrada no braço esquerdo do uniforme.
— A PRF continua trabalhando. Não há intenção de greve. Queremos trabalhar, é nossa responsabilidade. Mas precisamos ser valorizados. Somos aproximadamente 600 policiais no Rio e deveríamos ter 900 trabalhando, mas o governo não contrata — comentou Jesus Castro Caamano, diretor jurídico da federação.
Nos fins de semana, os cariocas têm enfrentado dificuldade nas estradas. Na última sexta-feira, o engenheiro Marcos Roberto Alves saiu de Volta Redonda às 14h e só chegou a Cabo Frio 12 horas depois:
— Enfrentei um trânsito como nunca antes. Estava com três crianças no carro e fiquei com o motor desligado durante horas. O pior momento foi na Niterói-Manilha. E no trajeto todo não vi policiais rodoviários tomando qualquer providência.
A assessoria de imprensa do Ministério da Justiça informou, em nota, que as negociações por reajuste continuam, mas negou a existência de um movimento de greve: “Como um movimento nacional, não há nada neste momento, mas o Ministério da Justiça não descarta a possibilidade de haver manifestações isoladas nos estados”.
Segundo Caamano, o governo não reajusta os salários da categoria desde 2010. Hoje, o salário inicial de um policial é de R$ 5.800. A intenção, de acordo com a federação, é que esse valor chegue aos R$ 10 mil. Caamano afirmou ainda que uma grande mobilização está sendo organizada para acontecer em Brasília no dia 8 de agosto.
— Queremos melhores condições de trabalho, não apenas melhores salários. Mas o pessoal de Brasília não quer liberar — reclamou um inspetor que não quis se identificar.
Fonte: O Globo