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abr/2024

ARTIGO – Policiais estão reféns do crime organizado

O “Novo Cangaço” volta a fazer ataques em sequência no interior de São Paulo, nas cidades de São Pedro, Cordeirópolis e Piracicaba. O novo ataque a agência bancária, carros fortes explodidos e roubados são consequência da sensação da proteção institucional dada pelo poder público. É o resultado da equação onde bandidos extremamente violentos, armados com fuzis e explosivos sentem-se protegidos, enquanto policiais rodoviários federais são indiciados.

O prejuizo total desta ação ainda está sendo contabilizado, mas o poderio bélico-financeiro das organizações que praticam estes crimes e, revela também, o nível do perigo ao qual as forças de segurança e a população estão expostas.

Em outubro de 2021, policiais rodoviários federais e policiais militares de Minas Gerais interceptaram a ação de um grupo de 26 criminosos do PCC que fariam ataques às instituições bancárias de Varginha/MG utilizando de técnicas do chamado Domínio de Cidades, que consiste em causar o caos em toda a localidade, matando agentes públicos de segurança e utilizando reféns como escudos humanos.

Os 23 PRFs e 16 PMs, colocando suas próprias vidas em risco, evitaram um crime que poderia traumatizar toda uma cidade, agiram com destreza e eficiência, neutralizando todos os criminosos que possuíam armamento de guerra suficiente para derrubar helicópteros, furar blindagens e explodir edificações.

A operação foi um sucesso. A Polícia Federal participou de toda a fase de inteligência e levantamentos anteriores à operação, mas no dia “D” preferiu ficar no conforto do birô com ar condicionado abandonando o embate. Agora, inquérito regido por essa mesma PF acusa os PRFs de terem sido excessivos e supõe até que os policiais cometeram tortura, o documento vai em confronto com outros realizados por diversas instituições de Estado como a Polícia Civil e a Perícia Oficial de MG, que reconhecem a legalidade dos atos na ação.

Infelizmente os policiais rodoviários federais e os policiais militares estão sendo perseguidos, agora estão com seus empregos, sua liberdade e até suas vidas e de seus familiares em risco, já que seus dados pessoais foram irresponsavelmente vazados na rede junto com o restante do inquérito. A ação dos policiais contra o PCC em Varginha tinha um único objetivo, defender a sociedade de um grupo sádico, com armamentos de guerra e que visavam espalhar o caos.

Hoje, os policiais brasileiros trabalham com uma imensa insegurança jurídica, sem saber, mesmo respeitando os limites legais, até onde podem ir em suas atividades laborais. Muitos estão temerários em agir por não se sentirem protegidos pelo Estado quando enfrentarem situações onde necessitem agir com a força necessária ao combate destes criminosos.

O sistema sindical reafirma o compromisso de continuar lutando para que os PRFs tenham direito a uma defesa justa, sem que haja o assassinato de suas reputações pela imprensa e por um relatório repleto de suposições e situações fantasiosas.

 


*Tácio Melo da Silveira é bacharel em Direito, especialista em Direito pela FGV, PRF desde 1999 e presidente da FenaPRF.

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