O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse ontem (19) que os ganhos da Copa do Mundo para o setor de segurança pública vão além de equipamentos, abrangendo também uma “cultura de integração”, que considerou o grande legado da competição para o setor. De acordo com ele, devido a disputas corporativas, as ações integradas sempre tiveram a implantação dificultada no país. Por isso, garantiu que “a segurança pública, depois da Copa do Mundo, não será a mesma”
“Não que todos os problemas sejam resolvidos, mas porque estamos criando a cultura da integração, como se espera de um país como o nosso tenha, dentro das suas estruturas federativas”, disse o ministro. Segundo ele, um dos problemas da segurança pública é a falta de integração das forças policiais. “Falta integração em alguns estados entre Polícia Militar e Polícia Civil, que não se entendem e têm disputas corporativas. Quando se entendem, não se entendem com Ministério Público, muitas vezes por uma disputa de papéis”, acrescentou Cardozo, que fez as análises ao participar da abertura do Encontro Nacional para Chefes de Organismos de Inteligência.
O ministro lembrou que, no próprio âmbito federal, o país há muito vive “uma dissintonia profunda” entre atuações de polícias do próprio Ministério da Justiça. “Nem sempre a Polícia Federal se entende com Polícia Rodoviária Federal. E às vezes, ambas têm processo de disputa com a Força Nacional de Segurança Pública. E todas elas [essas entidades ligadas à segurança], às vezes, têm disputas corporativas com as Forças Armadas. Essa situação é perversa e péssima para o país”, definiu.
Cardozo explicou que a Copa está impondo um novo relacionamento entre os diversos setores da segurança pública. “É uma oportunidade histórica de convivermos. Toda nossa política foi baseada nessa integração”. Ele lembrou que, em cada cidade-sede, foi criado um centro de controle equipado com instrumentos de última geração, justamente para que todos fiquem juntos nos processos de tomada de decisão.
Segundo o ministro, o diferencial entre uma boa e uma má polícia é, em primeiro lugar, ter um quadro de pessoas solidamente formando profissionalmente. Em segundo, uma boa gestão do órgão para aplicação de recursos financeiros. “Mas não haverá uma boa polícia se não tivermos um bom serviço de inteligência que tenha papel fundamental no enfrentamento a delitos e organizações criminosas”.
No encontro, que prossegue até amanhã, em Brasília, estão sendo feito debates entre as instituições de inteligência para apresentação de propostas sobre o papel dos órgãos de inteligência nos grandes eventos. Além de discutir questões ligadas à integração de organismos de inteligência e de segurança pública de todas as unidades da Federação, o evento servirá para a apresentação da edição revisada da Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública. Participam do evento 95 representantes de organismos de inteligências de todo país.
Fonte: Agência Brasil