01

jun/2012

Carência de efetivo afeta fiscalização nas rodovias

Vistoria é feita no posto da BR-040 por falta de pessoal

Vistoria é feita no posto da BR-040 por falta de pessoal

A fiscalização nas rodovias federais em território mineiro tem sido afetada pela carência de efetivo na Polícia Rodoviária Federal (PRF). O estado possui a maior malha rodoviária do país, cerca de 16,4% do total das vias brasileiras, mas tem um déficit de mil policiais para cobrir os quase seis mil quilômetros de estradas. Atualmente, segundo o Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais no Estado de Minas Gerais (SINPRF-MG), o índice é de 0,14 policial por quilômetro de rodovia vistoriada. Em Juiz de Fora, o cenário não é diferente para os patrulheiros, que precisam atuar na BR-040 e na BR-267. O quadro insuficiente de pessoal obriga os policiais a trabalharem elencando prioridades, o que faz com que, muitas vezes, a fiscalização preventiva seja preterida. Outros problemas também se agravam com esta situação. Um caminhão tombado nas margens, por exemplo, fica dias aguardando para ser retirado por falta de homens para sinalizar o trecho.

Em cada plantão, apenas uma dupla de patrulheiros é responsável pelo trabalho de ronda nas rodovias em um turno de 24 horas. Neste período, eles precisam atender as ocorrências de acidentes, notificar os motoristas infratores e prevenir a prática de crimes na via. Chefe da delegacia de Juiz de Fora, Marco Lisboa, confirma a sobrecarga de serviço. “Em algumas delegacias, colegas trabalham sozinhos. Aqui, ainda conseguimos manter dois policiais por equipe de ronda. Mesmo assim, é preciso trabalhar com prioridades, e a fiscalização fica prejudicada. Primeiro, vem o atendimento dos acidentes com vítimas, depois o daqueles em que houve interrupção de pista, em seguida, as ocorrências de crimes e, só a partir daí, os acidentes sem vítimas. Isso, realmente, às vezes, não conseguimos atender de imediato. Um caminhão que tomba em um acidente chega a ficar dois, três dias no local até que possamos acompanhar o serviço do guincho.”

No caso da delegacia de Juiz de Fora, a extensão do trecho da BR-040 sob sua jurisdição aumentou a sobrecarga. Hoje o segmento vai até o km 592, na altura do Viaduto Márcio Rocha Martins, substituto do antigo Viaduto das Almas, próximo a Belo Horizonte. Com isso, as equipes precisam se desdobrar para garantir o atendimento na estrada, até o km 829, já na divisa de Minas com o Estado do Rio de Janeiro. Na BR-267, há outro trecho para vigilância entre Bicas e Bom Jardim de Minas. No total, nas duas rodovias, são 373 quilômetros.

Com eventos importantes acontecendo no país este ano e nos próximos, como a Rio +20, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, a escassez de homens fica mais evidente. “Recebemos uma determinação de Brasília para enviar policiais para cobertura da Rio+20 (em junho) e temos que mandar”, afirma Lisboa. No ano passado, a presidente do SINPRF-MG, Maria Inês Miranda Mendonça, já havia anunciado que “Minas precisa do triplo ou do quádruplo de policiais para não haver sobrecarga de serviço”.

A situação é acompanhada de perto pelo Senado Federal, que cobra, do Ministério do Planejamento, o aumento do efetivo da PRF em Minas Gerais. “Apesar de termos a maior malha rodoviária do país, temos apenas 826 policiais rodoviários, o que representa 8% do efetivo. De acordo com estudos, precisamos de mais mil policiais”, afirma o senador Clésio Andrade (PMDB). Ele considera que o resultado do escasso número de policiais nas estradas mineiras é o elevado número de acidentes e recordes crescentes de mortos e feridos.

Segundo o Núcleo de Comunicação Nacional da PRF, um curso de formação está em andamento, e há previsão de envio de policiais para o estado de Minas. Ainda não se sabe se o posto de Juiz de Fora será contemplado.

Falta de estrutura é problema

Além da falta de efetivo, o posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Juiz de Fora também tem problemas de infraestrutura, o que influencia na qualidade dos serviços públicos prestados. Os policiais convivem com frequentes piques de energia, falhas na rede de telefonia e lentidão na internet, o que dificulta o contato com outros postos para troca de informações. Até mesmo o sistema de comunicação via rádio é falho devido à localização da sede, fora das cidades e entre montanhas. Uma antena de rádio foi instalada para que o alcance entre os aparelhos seja estendido.

“Não temos nem água potável. Com qualquer chuva, costumamos ter queda de energia. Temos computadores suficientes, mas a conexão não atende. A velocidade da internet é de uma rede discada. Usamos mais o telefone para levantar dados, que também, às vezes, dá problema”, comentou um policial.

O telefone 191, de atendimento emergencial aos usuários, também não funciona como deveria. A linha está em pleno funcionamento, mas quem precisa de socorro geralmente usa o celular, e a maioria das operadoras não apresenta bom sinal.

As estruturas dos postos que pertencem ao destacamento de Juiz de Fora também são precárias. Em Barbacena, o posto foi demolido com a promessa de um outro ser erguido, mas, até hoje, os policiais trabalham apenas na viatura, onde levam todas as suas roupas, comidas e material de trabalho. Em Congonhas, o posto passa por reformas, e a previsão é de conclusão em dois meses. Já no de Juiz de Fora, há previsão de benfeitorias a partir de julho.

Fonte: Tribuna de Minas

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