A proporção no Estado é de 52 quilômetros para cada policial patrulhar, quando deveria ser de 20 quilômetros por servidor.
As estradas federais gaúchas estão praticamente sem vigilância. Quem deveria garantir a segurança de motoristas está de folga, de férias, em licença ou trabalhando na burocracia da Polícia Rodoviária Federal (PRF). No asfalto, mesmo, é escalado diariamente menos de 20% do efetivo, destinado a coibir infrações, socorrer acidentes e evitar que o crime ande de carro ou caminhão pelas BRs.
A proporção no Estado hoje é de 52 quilômetros para cada policial patrulhar, quando deveria ser, segundo a própria PRF, de 20 quilômetros por servidor. Só em atividades administrativas a corporação emprega em torno de 15% do efetivo de 685 pessoas. Além da falta de concursos para repor pessoal, o índice de servidores desviados da sua atividade-fim chama a atenção de especialistas.
— O percentual de pessoas em férias, folga ou licença é aceitável, está na lei. Mas o índice de policiais em atividades administrativas teria de ficar em 5% — avalia João Fortini Albano, professor do laboratório de sistemas de transportes da escola de engenharia da UFRGS.
O Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais (Sinprf-RS) também reclama da força de trabalho desviada em funções burocráticas.
— Todos os 685 policiais deveriam estar nas ruas. As únicas exceções de atividades administrativas que precisam ser executadas por policiais são de corregedoria e de inteligência. Mas temos hoje policiais fazendo licitações, trabalhando na área de recursos humanos e de trâmite interno de multas e fazendo contratos para manutenção de viaturas — alerta o presidente do sindicato, Francisco Von Kossel.
O Departamento de Polícia Rodoviária Federal em Brasília diz estar pleiteando junto ao Ministério do Planejamento a abertura de vagas para servidores administrativos.
— São serviços (os administrativos) que não podem ser suspensos. Se não tem quadro para fazê-los, alguém tem que fazer — justifica o inspetor Fabiano Moreno, assessor nacional de comunicação social da PRF.
Já há reforço previsto para efetivo do Estado. Com a nomeação de novos agentes no final de setembro, o Rio Grande do Sul receberá mais 76 policiais e outros 86 devem chegar em janeiro. Mas a sensação de segurança que os motoristas se acostumaram a ter no passado enxergando viaturas nas estradas dificilmente poderá ser retomada, segundo o professor Albano:
— A questão de reposição de pessoal é complicada. Com tecnologia de ponta isso pode ser substituído. Usar fiscalização inteligente, com radares e videomonitoramento que permita que um policial cuide de áreas maiores. Isso pode suprir a deficiência de agentes
Fonte: Zero Hora