O tráfego voltou a ter crescimento mais robusto nas estradas brasileiras. Nos resultados das três principais companhias do setor – CCR, OHL Brasil e EcoRodovias -, o fluxo interrompeu a sequência de desaceleração registrada desde o primeiro trimestre de 2011. Pela primeira vez em um ano, houve aceleração no crescimento do volume de veículos ao fim do trimestre (na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior). Dados mais recentes, no entanto, limitam o otimismo do setor.
Os números positivos divulgados pelas empresas no começo do ano são corroborados pelo Índice ABCR, produzido pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) e pela Tendências Consultoria. A trajetória de desaceleração no crescimento vinha acontecendo desde o começo do ano passado, quando foi registrado aumento de 9,1% no tráfego do primeiro trimestre (frente ao mesmo período de um ano antes). Nos trimestres seguintes, seguindo o mesmo tipo de comparação, o número foi caindo para 8,7% no segundo, 5,3% no terceiro, até o vale de 3,8% no último. No primeiro trimestre de 2012, no entanto, houve reaceleração: 5,7%. O crescimento foi registrado tanto entre os pesados, ligados à atividade industrial, como entre os leves, ligados a renda e emprego.
Segundo Juan Jensen, economista da Tendências que atua na elaboração do indicador, os percentuais do começo de 2012 antecipam dados de uma atividade econômica mais aquecida no trimestre. “A aceleração mostrou um quadro melhor do que vinha ocorrendo nos trimestres anteriores, quando o PIB mostrou sinais de estagnação”. Ele afirma que a alta não foi influenciada pelas medidas anunciadas pelo governo no Plano Brasil Maior. “Esse impacto deve ser sentido no segundo semestre”. Devido ao Índice e a outros indicadores, a Tendências calcula o PIB do período em 0,5%.
O tráfego nas rodovias gera a maior parte do faturamento das empresas do setor, devido à receita oriunda do pedágio. Por isso, o aumento do fluxo de veículos é gerador direto de caixa e, por consequência, de diminuição da alavancagem dessas empresas – que usam capital intensivo para projetos em rodovias e que têm atualmente planos de expansão em negócios de outros segmentos de infraestrutura de transportes e logística, como portos e aeroportos.
Apesar dos números positivos do começo do ano (quando comparados a um ano antes), não há euforia no setor. Dados mais recentes indicam um novo arrefecimento no fluxo das rodovias no segundo trimestre (no mesmo tipo de comparação). O Índice ABCR recuou 0,8% em abril frente a março.
A CCR, principal companhia em termos de faturamento, já declara esperar nova desaceleração no próximo resultado. “Os dados de abril e maio já mostram isso [a desaceleração]”, disse Flávia Godoy, da equipe de relações com investidores, em teleconferência com analistas ontem. Segundo Arthur Piotto, diretor financeiro, o desempenho do período será positivo, mais inferior ao reportado no último trimestre.
Na OHL Brasil, a previsão do diretor financeiro, Alessandro Levy, é que o tráfego siga em linha com o crescimento do PIB. Na EcoRodovias, há historicamente crescimento 1,5 vez superior ao percentual do PIB.
Fonte: Valor Econômico