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jul/2012

De braços cruzados

A relação da presidente Dilma Rousseff com os servidorespúblicos federais é como um cristal trincado. Pode até não se estilhaçar, masnão tem conserto. É mais uma daquelas situações em que a sucessora doex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao contrário do seu padrinho político,é obrigada a fazer escolhas: com o cobertor curto, ou amplia o gasto públicocom as atividades fins ou investe esse dinheiro na área meio.

A fase de investimento na área meio, que tinha como discursoreconstruir o Estado, chegou ao fim. Para resgatar o papel do Estado comoindutor do crescimento, o governo agora precisa investir em infraestrutura,além de exercer o papel de provedor das parcelas mais pobres da população. Vemdaí a queda de braços da presidente da República com os servidores federais.

A outra face dessa contradição é uma guinada na orientaçãoda CUT, que vinha sendo uma espécie de amortecedor entre as demandas dosservidores públicos e governo. Pressionados pela própria base e por outrosatores políticos do movimento social, como o PSol e o PSTU, os sindicalistas doPT resolveram aderir às greves que tomaram conta da administração federal apartir das universidades.

A escolha
Dilma Rousseff fez a escolha de Sofia: entre o aumentosalarial dos servidores federais e a garantia de emprego para os trabalhadoresdo setor privado, optou pela maioria, ainda mais porque os rendimentos no setorpúblico são mais altos.

O confronto
Trata-se de velho conflito distributivo num cenário derestrições econômicas. O problema é que os servidores federais, ao longo dedécadas, viveram situações semelhantes sem o castigo dos descontos dos diasparados. Demissões, como acontecem no setor privado, jamais foram cogitadaspelo governo. Mesmo assim, o jogo duro de Dilma pode resultar no cristalestilhaçado.

em greve
Os professores federais em greve recusaram ontem a propostade acordo do Ministério do Planejamento e decidiram manter a greve dacategoria. O governo propôs um reajuste salarial de até 45%.

Eleitos
O Planalto pretende aumentar os salários dos professoresuniversitários e dos militares de baixa patente, que estão insatisfeitos. AReceita e a Polícia Federal, órgãos de coerção do Estado, também terão aumentosdiferenciados. O governo baterá o martelo até o dia 31.

Fonte: Correio Braziliense

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