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abr/2012

Falta de informação dificulta acesso a crédito barato

Confusão e incerteza foi a sensação sentida por um servidor público federal, que pediu para não ser identificado, ao tentar pesquisar, ontem, a portabilidade de seu empréstimo consignado, contratado há um ano, no banco Santander. Incentivado pelo recente anúncio de redução das taxas de juros, o servidor visitou quatro bancos com a intenção de pagar o saldo devedor de seu empréstimo, no valor de R$ 93,5 mil (valor de ontem para quitação da dívida), com juros e parcelas menores. O POVO o acompanhou durante toda essa jornada.

Ele ainda tem 84 parcelas a serem descontadas mensalmente de seu contra-cheque, no valor de R$ 1.709,00, o que totaliza um saldo devedor de R$ 143,5 mil, 53% maior que o montante calculado para pagamento à vista, no dia de ontem.

No Santander, onde o servidor contraiu o empréstimo, a atendente explicou que os juros atualmente aplicados à dívida são de 1,40% ao mês, e que não há possibilidade de renegociá-la pelo próprio banco. Questionado sobre as mudanças nas taxas de juros para quem deseja mudar sua conta para aquele banco, outro atendente informou que há uma previsão de que os juros do cheque especial caiam de 9% para 8% ao mês, o que ainda não ocorreu.

Na segunda agência visitada, da Caixa Econômica Federal (CEF), que possui o programa de redução de taxas Melhor Crédito, o servidor teve facilidade em ter acesso à simulação da portabilidade, mas não entendeu por quê, mesmo com os juros menores, as parcelas ficaram mais altas. “Pensei que fosse ficar melhor, mas vi que fica pior”. Ao simular a contratação de um empréstimo de R$ 93 mil, em 80 parcelas e juros nominais de 1,26% ao mês, a CEF chegou a uma parcela mensal de R$ 1.919,67, um valor 12% maior que a parcela de R$ 1.709,00 paga atualmente. Segundo a atendente da CEF, a taxa efetiva da simulação, na verdade, é de 1,32% ao mês, devido à incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que acaba elevando a taxa final em 4,7%.

Na agência do Bradesco, cujo anúncio na mídia, na semana passada, foi de uma taxa de 0,9% para o crédito consignado de segurados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), o servidor não conseguiu respostas imediatas a uma possibilidade de portabilidade de crédito e de conta-corrente. A gerente responsável disse que não tinha informações no momento, e que ficaria com o telefone dele para repassar alguma resposta assim que a obtivesse.

No Banco do Brasil, primeira instituição a anunciar redução de juros, com o programa Bom Pra Todos, o sistema da agência não possuía um simulador para o caso específico do servidor, e a gerente que o atendeu apenas conseguiu calcular um empréstimo de R$ 50 mil, em 84 parcelas e uma taxa mínima nominal de 1,65% ao mês, resultando em uma parcela mensal de R$ 1.137,37. “Não imaginava que seria tão difícil. Cheguei à conclusão de que não vale a pena. Vou continuar com a minha conta e o meu empréstimo onde estão mesmo”, afirma o servidor público.

De acordo com a assessoria de imprensa do Bradesco, por meio de nota, o banco está reforçando a comunicação com suas agências a partir dos canais corporativos internos. “Além disso, (o banco) dispõe de uma estrutura de diretorias e gerencias regionais que já foram preparadas e estão coordenando trabalhos de comunicação com os gerentes da rede de agências em todo o Brasil”, acrescenta.

O Banco do Brasil orientou que o servidor público entre em contato com o banco para solucionar o problema. E informou que criou o site www.bompratodos.com.br para informar sobre o programa. Além disso, o banco acrescentou que foca no treinamento de funcionários e visa sempre ao melhor atendimento.

Até o fechamento desta edição, O POVO tentou falar com a assessoria de comunicação da CEF e não obteve retorno.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA

Apesar de bancos públicos e privados terem anunciado a redução das taxas de juros desde o começo do mês, o consumidor comum ainda encontra muita desinformação e dificuldades para ter acesso a esse crédito mais barato.

Fonte: Jornal de Hoje

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