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ago/2012

Greve de fiscais já afeta cadeia de aves e suínos

Iniciada na última segunda-feira, a greve dos fiscais agropecuários poderá tornar mais difícil a fase vivida pelos frigoríficos de aves e suínos do país e ter reflexo nas gôndolas em poucos dias. Depois de verem suas margens espremidas pela disparada dos custos de produção num contexto de forte queda dos preços internacionais da carne de frango, as companhias agora enfrentam dificuldades no processo de emissão das guias que autorizam a venda de seus produtos.

O temor é que a greve, que afetou as já combalidas exportações de carne de frango, também prejudique o fornecimento de produtos como leite, presunto e salsicha. Segundo fontes da indústria consultadas pelo Valor, as principais empresas do setor trabalham com estoques para abastecer o mercado num prazo máximo de cinco dias.

As indústrias já estudam paralisar os abates em algumas de suas plantas, caso a greve não termine nos próximos dias. “Muitas empresas já indicaram a possibilidade de parar unidades”, afirmou o presidente da União Brasileira da Avicultura (Ubabef), Francisco Turra.

O dirigente diz que a greve deve deteriorar ainda mais as exportações. “Nossas prévias já indicavam que devemos perder 40 mil toneladas em exportações em agosto. A greve só piora a situação”, afirma.

E, ainda que também possa afetar a produção de bovinos, a greve atinge em cheio o modelo de integração da produção de aves e suínos, que, ao contrário dos abates de bovinos, tem um fluxo diário de milhões de cabeças – uma empresa como a BRF – Brasil Foods, por exemplo, abate cerca de 7 milhões de aves por dia. Com isso, além de não conseguirem autorização para comercializar, as granjas das companhias podem ficar “entupidas”. Para amenizar o problema, algumas empresas trabalham com a possibilidade de armazenar a carne produzida, mas o alcance dessa medida deve ser limitado.

O sindicato dos fiscais agropecuários garante que a greve não vai comprometer a sanidade agropecuária brasileira, e que mantém um efetivo mínimo de 30% de seu continente trabalhando. “Não seremos irresponsáveis”, afirmou, em nota, o presidente da Anffa Sindical, Wilson Roberto de Sá.

Apesar das garantias, os frigoríficos dizem que o efetivo de fiscais em suas algumas de suas unidades é menor. A pedido do Ministério da Agricultura, a Advogacia-Geral da União (AGU) prepara um mandado de segurança para obrigar os fiscais agropecuários a voltarem ao trabalho. Para o ministério, em atividades consideradas “imprescindíveis”, como a vistoria de produtos de origem animal, todo o contingente deve trabalhar.

Fonte: Valor Econômico

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