Polícia começou uma operação na favela São Remo, na capital paulista, em busca de bandidos que participaram do assassinato de um policial. Desde o começo do ano, 86 policiais foram mortos.
Nove pessoas foram mortas entre a noite de terça-feira (30) e a madrugada desta quarta-feira (31) em São Paulo. Entre as vítimas estão três moradores de rua. Desde o começo do ano, 86 policiais foram mortos. Em Carapicuíba, na Grande SP, um ônibus foi incendiado.
Nesta quarta-feira, a polícia começou uma operação na favela São Remo em busca de bandidos que participaram de um desses crimes. Os policiais procuram suspeitos que podem ter participado da morte do PM André Peres de Carvalho há pouco mais de um mês.
Andre Peres de Carvalho tinha 40 anos e estava há 20 na Corporação. Ele foi morto a tiros no dia 27 de setembro, na Avenida Corifeu de Azevedo Marques, no Butantã. Ele trabalhava no 1º Batalhão de Choque e estava de folga no momento do crime.
No meio da manhã, os PMs prenderam Jaime Mesquita de Oliveira, de 28 anos, gerente do tráfico na favela de São Remo. Na casa dele foram encontrados mais de R$ 10 mil em dinheiro e dois tijolos de maconha. No quarto dos fundos, o bandido construiu uma banheira de hidromassagem, com televisão de plasma.
Parte da droga traficada na favela era preparada em uma casa que servia como laboratório. Os equipamentos de refino foram apreendidos.
É a segunda vez na semana que a polícia faz uma grande operação em favelas. Na segunda-feira (29), a PM começou a Operação Saturação na favela de Paraisópolis, uma das maiores de São Paulo. No local foi encontrada uma lista com os nomes de 40 policiais que estariam marcados para morrer.
Segundo a Secretaria de Segurança de São Paulo, um dos mandantes desses crimes é Francisco Antonio Cesário da Silva, conhecido como Piauí. Ele tem antecedentes criminais por homicídio, sequestro, formação de quadrilha e roubo e está preso desde agosto na penitenciária de segurança máxima de Avaré, no interior do estado. “As primeiras mortes foram realmente ordens dadas da favela de Paraisópolis por este marginal. Nós conseguimos localizá-lo em Itajaí, onde a Polícia Federal o prendeu”, explica o secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto.
Ajuda do governo federal
O Ministério da Justiça divulgou um documento onde oferece ajuda à cidade. Nele, o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, oferece a colaboração do governo federal e também vagas nos presídios federais de segurança máxima para abrigar líderes de organizações criminosas que representem algum risco à segurança pública.
O ministro também lembra que ações conjuntas entre governos federal e estaduais têm produzido bons resultados e cita os exemplos do Rio de Janeiro e de Alagoas, onde o enfrentamento ao crime organizado e a redução da violência estão dando certo.
José Eduardo Martins Cardozo afirma que já ofereceu ajuda à São Paulo várias vezes, mas que todas foram recusadas. “A última vez que fiz, foi em junho desse ano, quando procurei o secretário para apresentar à ele dados do serviço de inteligência da Polícia Federal, que levavam à nossa preocupação sobre o que estaria acontecendo em São Paulo.
Já o secretário de Segurança Pública nega ter recebido essa oferta e critica o envolvimento da Polícia Federal na apuração dos crimes. “Não ofereceu. Se tivesse oferecido, porque eu iria dizer que não ofereceu? Ele não ofereceu ajuda alguma. A Polícia Federal não conhece nada de facção criminosa. Eles não passam nem perto de um presídio. Quem obtém informações de um presídio é quem trabalha dentro dele, é a Secretaria de Administração Penitenciária”
Por sua vez, o ministro da Justiça rebateu as críticas: “Eu acho que a melhor coisa que um homem público deve ter nas horas de crise é a humildade. A arrogância não resolve absolutamente nada. São Paulo tem uma excelente polícia, com homens capacitados, mas a Polícia Federal também tem e o país sabe disso”.
Fonte: Jornal Hoje