A Caminhada pela Paz no Trânsito, na manhã deste domingo (20) na orla de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, marcou a edição deste ano do Maio Amarelo, movimento internacional que mobiliza segmentos públicos e privados na luta contra os altos índices de acidentes de trânsito.A marcha foi organizada por órgãos públicos e instituições da sociedade civil.
Segundo o coordenador da Lei Seca no Rio de Janeiro, coronel Marco Andrade, no Brasil são registradas mais de 40 mil mortes por ano no trânsito e, no mundo, mais de 1,2 milhão. Andrade disse que, em todo o mundo, o mês de maio foi escolhido para chamar a atenção da sociedade e alertar para os “problemas eminentes e extremamente impactantes na sociedade” causados pela violência no trânsito.
“Dentro deste mês, nós estamos realizando várias ações preventivas e educativas para chamar a atenção da sociedade para essa causa tão importante – afinal de contas, é impossível viver no mundo de hoje sem interagir efetivamente com o trânsito. Seja a pé, no transporte coletivo, dirigindo ou de bicicleta, todos usam o trânsito para se deslocar, para viver”, ressaltou.
De acordo com Andrade, a Organização Mundial de Saúde (OMS) sinaliza que mais de 90% dos acidentes de trânsito são causados por fatores humanos, ou seja, são provocados pelas escolhas das pessoas. “É escolher, ou não, usar o capacete, escolher, ou não, avançar o sinal, escolher, ou não, exceder a velocidade, escolher, ou não, beber e dirigir. É sobre essas escolhas que nós queremos chamar a atenção para que as pessoas tomem as decisões mais acertadas, mais corretas.”
Participaram da passeata os 25 agentes da Lei Seca que são cadeirantes, todos eles vítimas de acidentes de trânsito. O coronel Andrade destacou que a Operação Lei Seca, depois de nove anos em funcionamento, tem conseguido provocar na sociedade uma mudança de comportamento para que vidas sejam poupadas. “Temos no estado uma redução de 28,4% no número de mortos no trânsito a cada 100 mil habitantes e uma redução de 36% nos feridos graves no trânsito. São números expressivos, significativos, mas ainda pequenos dentro daquilo que se espera quando se fala de vida. Por que qual o valor da vida? ”, questionou.
Segundo o coordenador de Divulgação e Planejamento da Associação Trânsito Amigo, Fernando Pedrosa, o Maio Amarelo foi criado há cinco anos, depois que a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou, em 2010, a Década de Prevenção e Segurança no Trânsito a partir de maio de 2011. “Então, até 2020, durante todo mês de maio, a gente concentra as ações da sociedade civil e de órgãos públicos, desenvolve ações educativas e de orientação, promove palestras, encontros, debates, e essa caminhada. aqui em Copacabana e em muitas cidades do país.”
A Associação Trânsito Amigo surgiu em 2003 e reúne amigos e parentes de vítimas de trânsito, que transformaram luto em luta para oferecer apoio emocional e orientação jurídica às vítimas desse tipo de acidente trânsito, trabalho de advocacy (ações de defesa e argumentação em favor de uma causa) para pressionar o Poder Público a implementar uma legislação mais rigorosa, além de promover campanhas educativas. Para Pedrosa, a solução para diminuir as mortes no trânsito é a educação.
“A violência no trânsito, com mais de 40 mil mortes no Brasil, 500 mil feridos, é uma epidemia. É uma doença social, e nós não temos uma vacina para isso – a vacina é comportamento. O que mata não é o veículo, não é a rua, nem a estrada. O que mata é aquela pecinha que fica entre o volante e o banco, chamada motorista. Então, a solução é definitivamente a educação, é um comportamento preventivo por parte de motoristas, pedestres e passageiros. Ninguém está isento de ser vítima e ninguém está dispensado de ser um ator no resgate dessa cidadania no trânsito”, afirmou Pedrosa.
Conforme dados do Detran-RJ, o número de acidentes vem caindo no estado, mas o número de mortes no local do acidente aumentou 11,5%, chegando a 2.121 mortes, uma média de 177 por mês em 2017. De 2016 para 2017 houve queda de 22,2% nos acidentes de trânsito, com um total de 20.535, média de 1.711 acidentes por mês. O número de vítimas caiu 19%, ficando em 31.006, com 20,5% a menos de pessoas feridas. Foram com 28.885 no ano passado.
Fonte: Jornal do Brasil