A Marcha da Maconha interditou na tarde deste sábado (19) três das quatro faixas da Avenida Paulista, região central da capital, para pedir a legalização da droga. A passeata, segundo a Polícia Militar (PM), reuniu 1,7 mil pessoas que finalizaram a manifestação na Praça da República, no centro da cidade.
A marcha do ano passado, promovida em março, no mesmo local, foi dispersada pela PM com gás lacrimogêneo e spray de pimenta quando uma decisão judicial proibia a manifestação. Depois, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em nome da garantia de liberdade de expressão, que as passeatas pela legalização das drogas não fossem mais reprimidas.
A legalização do consumo da maconha é defendida pelos manifestantes sob diversos argumentos. O professor de história da Universidade de São Paulo (USP) Henrique Carneiro atribui a proibição, em parte, a um preconceito de setores da sociedade. “Há um percentual da população que quer simplesmente exterminar o consumidor”, diz, ao comparar o sentimento ao preconceito sofrido pelos homossexuais.
Carneiro defende a equiparação das drogas ilegais a substâncias vendidas legalmente com uso controlado. “Alguns produtos, como, por exemplo, a cocaína, deveriam ser vendidos em farmácia, assim como os medicamentos da indústria farmacêutica. A maconha, que tem um poder de nocividade muito relativo, deveria ter um acesso muito mais amplo, que fosse tanto do autocultivo, como o do microcomércio para pessoas maiores de idade”, argumenta.
Na opinião do professor, a proibição de certas drogas é mantida devido à lucratividade gerada pela ilegalidade. “Hoje, é um imenso negócio estimado em cerca de US$ 400 bilhões, que tem essa magnitude não por causa do custo de produção, mas por causa da proibição”.
Pensamento na mesma linha tem a estudante de ciências sociais Lilian Rocha. “Eu não vejo sentido em você tornar ilegal uma substância que é natural e comercializar amplamente uma série de medicamentos sem os efeitos comprovados”, ressaltou a jovem.
A experiência pessoal no tratamento de um câncer de intestino foi a razão que levou a artista plástica Maria Antonia Goulart à marcha. “Me ajudou muito como complemento do tratamento. Para aliviar a dor, aumentar o apetite, para você conseguir dormir. Os médicos, depois que eu terminei o tratamento, comprovaram que a maconha me ajudou muito”, contou.
Fonte: Agência Brasil