Sequestros relâmpagos, clonagem de cartão, ligações de ameaça. Coincidência ou não, os servidores passaram a vincular crimes urbanos à exposição da vida financeira após a divulgação de salários. A unidade de atendimento ao servidor de recursos humanos do Governo do Distrito Federal não para de receber reclamações. Sexta-feira, uma servidora que dá expediente no Buriti informou que teve a casa invadida na quinta-feira e alegou que o bandido entrou em sua residência porque acessou seus rendimentos mensais. Outro funcionário da Secretaria de Fazenda fez queixa à polícia, pois descobriu que fizeram compras utilizando número de seu cartão de crédito e a cópia de uma folha de cheque.
Os sindicatos também alegam que bandidos estão baixando os salários para construirem bancos de dados e utilizarem em sequestros relâmpagos de filhos de servidores. Nas declarações, a falta de privacidade financeira é o mote para toda a insegurança. “Estamos expostos a bandidos. A divulgação pode incentivar crimes contra a vida. Uma coisa é divulgar o cargo de um gestor, que pode contar com a proteção do estado. Mas o cidadão comum está sozinho. O gestor escolhe se quer ter seu rendimento divulgado ou não”, reclama Ibrahim Yusef, coordenador da regional Centro-Oeste da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil
Agentes penitenciários
Do lado dos agentes da segurança pública, outra categoria que tem reclamado da divulgação dos salários é a dos agentes penitenciários. Os funcionários alegam que a convivência com os detentos os deixa ainda mais expostos a crimes que possam atingir suas famílias, caso um preso decida investir por vingança contra um agente. Os policiais federais também não gostaram da medida, mas, em vez de alegar a devassa econômica, afirmam que, por motivos de inteligência estratégica, a lotação de um agente não deve ser de domínio público.
Fonte: Correio Braziliense