Concursos federais, responsáveis pela metade delas, darão prioridade a educação, saúde e segurança, informa Ministério do Planejamento
A expectativa do mercado de concursos públicos é que, no ano que vem, sejam abertas 80 mil vagas nas três esferas públicas – federal, estadual e municipal. Para a disputa, a previsão é de recebimento de 12 milhões de inscrições. Ou seja, na média, a relação será de 150 candidatos por vaga. São cerca de 10% da população ocupada querendo entrar no setor público.
Segundo o Ministério do Planejamento, no âmbito federal 42.841 vagas deverão ser autorizadas. Este total inclui 490 ainda não preenchidas, apesar de os candidatos já terem sido selecionados este ano, e 5.946 para substituição de terceirizados. No caso das novas vagas, será dada prioridade às áreas de educação, saúde e segurança pública.
– Isso revela muito sobre a realidade brasileira. E, muitas vezes, o que se observa é que as pessoas não buscam esse emprego por vocação, mas porque estão atrás de segurança e estabilidade – analisa o coordenador do curso Gestão de Políticas Públicas da USP, Fernando Coelho.
Pois mais do que a estabilidade, o que atrai William Collyer para a carreira pública, por exemplo, são as possibilidades de boa remuneração. Formado em história, há seis meses ele decidiu largar a carreira de professor para se dedicar aos estudos, mirando, principalmente, o concurso para agente da Polícia Federal.
– Estudei muito e ganhava pouco: não estava tendo a recompensa que esperava e resolvi buscar outra coisa – conta Collyer, de 27 anos, que optou por focar a área de segurança. – Além de ser algo com que tenho mais afinidade, sei que o setor de segurança pública vai ter um bom quantitativo de vagas.
Mas, de acordo com o professor da USP, a maioria dos candidatos não consegue ter uma estratégia tão definida e acaba tentando todos os concursos que aparecem pela sua frente:
– Isso acontece, acredito, tanto porque as pessoas não sabem bem o que querem, quanto porque não há informações sistematizadas sobre os cargos e carreiras dentro dos órgãos públicos.
Além da seleção para Polícia Federal, segundo a previsão do Ministério do Planejamento, em 2013 deverá haver concursos para órgãos como Ministério da Fazenda, Ministério da Pesca e Aquicultura, Banco Central, Polícia Rodoviária Federal, Ancine, BNDES, Ibama e Anvisa, entre outros, com destaque ainda para áreas como cultura, regulação, defesa e infraestrutura.
Maria Thereza Sombra, diretora executiva da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), acredita que a previsão possa se concretizar em função das demandas cada vez maiores, que, inclusive, se acentuam com a chegada de eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.
– A partir de 2014, vamos precisar de muita gente na Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Ministério da Justiça. O número de vagas pode até ir além do que foi estimado já em 2013 – acentua Maria Thereza.
Mas nem sempre estimativas de abertura de vagas feitas em um ano correspondem à realidade no ano seguinte.
– Porque tudo isso passa pelo processo de planejamento governamental. Pode ser que chegue no ano que vem e o governo decida contingenciar uma série desses concursos, por razões econômicas ou administrativas – lembra Fernando Coelho.
Fonte: O Globo