O novo ministro do Trabalho assumiu ontem o cargo que o PDT esperava retomar havia cinco meses. Apesar de Brizola Neto, agora licenciado do mandato de deputado federal, ser dos quadros pedetistas, a indicação é interpretada por alguns integrantes do partido como escolha pessoal da presidente Dilma Rousseff, sem atender por completo aos anseios da legenda. Agora, o momento é de afinar o discurso da sigla e definir questões como os nomes que vão compor a equipe ministerial, que só devem ser anunciados nas próximas semanas. Enquanto isso, o ministro já definiu o mote de sua gestão: modernizar as relações de trabalho.
“Necessitamos que a interferência do Estado nessas relações (de trabalho) se atualize. As empresas mais modernas e eficientes são as que entendem seus trabalhadores como parte. Não é apenas para o trabalhador, mas também da empresa o interesse de que as relações de trabalho evoluam”, defendeu o ministro em seu discurso de posse.
Consciente do fato de que sua indicação desagrada a alguns integrantes do PDT, Brizola Neto reconheceu que ainda precisam ser feitos alguns entendimentos internos. “Ainda existem pequenas diferenças desse processo (de escolha) que precisam ser equacionadas, mas a verdade é que o partido — pelo menos a grande maioria — está convencido do seu papel, do seu posicionamento no campo político nacional, e isso é muito maior do que pequenas divergências”, sustentou. O Palácio do Planalto está disposto a intervir para ajudar a construir esse entendimento. “Faremos de tudo para que o PDT possa estar perfeitamente integrado à nossa base de apoio, nossa base aliada, e vamos, nesse sentido, ajudar também o ministro a construir esse processo”, endossou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
Equipe de transição
Brizola Neto disse que será criada uma equipe de transição para escolher os nomes de quem será substituído na pasta. “Não existe nenhuma definição quanto aos cargos do ministério, porque, primeiro, é importante cumprir um período de transição. Então existe uma equipe de transição que está sendo montada, que vai entrar em contato com a atual equipe que ocupa hoje o Ministério do Trabalho, para buscarmos, dentro de um clima de colaboração e tranquilidade, fazer com que a máquina siga o seu andamento normal”, afirmou.
Pedetistas próximos a Brizola Neto acreditam que Paulo Roberto Pinto — até ontem ministro interino —, que voltou ao cargo de secretário executivo, deve estar entre os exonerados. Paulo Roberto é próximo ao ex-titular do cargo, Carlos Lupi, e está no ministério desde 2007. Ontem, ao deixar o cago, Paulo Roberto exaltou o antecessor, o que gerou desconfortou entre os pedetistas: “Ministro Lupi, a história vai contar o que o senhor fez. O senhor foi o grande ministro do Trabalho desse Brasil”.
“Faremos de tudo para que o PDT possa estar perfeitamente integrado à nossa base de apoio, nossa base aliada, e vamos, nesse sentido, ajudar também o ministro
a construir esse processo”
Fonte: Correio Braziliense