A redução de serviços anunciada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) após um corte de 44% no orçamento da instituição começa a manifestar seus efeitos. De 10 de julho até a última quinta-feira (10), primeiro mês de vigência da medida, o número de pessoas ou veículos fiscalizados nas rodovias federais que cortam Pernambuco foi 34% menor que o registrado no mesmo período de 2016. Já o total de autuações caiu 28,14%.
Destaque também para a redução de 8,6% no quantitativo de testes de alcoolemia, importantes para tirar de circulação condutores embriagados e prevenir acidentes. O balanço foi obtido pela Folha de Pernambuco junto à PRF.
Em números absolutos, o total de multas caiu de 11.051 para 7.941, nos períodos comparados. O de testes de alcoolemia passou de 6.378 para 5.826, e o de prisões por embriaguez ao volante, de oito para quatro. Na contramão, cresceu levemente a quantidade de multas por crime de trânsito, de 103 para 114.
As informações são preliminares, segundo a PRF. A partir de dados divulgados diariamente pela instituição no Twitter, também é possível contabilizar o total de acidentes, que permaneceu praticamente inalterado – passou de 234 para 237.
As limitações ao trabalho dos policiais rodoviários em decorrência da escassez de recursos ficam mais evidente quando se analisa as abordagens nas rodovias. Em julho e agosto de 2016, 25.231 pessoas foram fiscalizadas em blitze, número que caiu para 16.605 desde o último dia 10 de julho (-34,18%). A redução do total de veículos fiscalizados é similar – despencou de 25.412 para 16.653 (-34,46%).
“São números que a gente lamenta, porque a questão das multas, a presença dos policiais nas rodovias, tudo tem efeito pedagógico para evitar acidentes”, diz o presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais no?Estado, Frederico França.
Segundo o representante, a maioria dos 15 postos da instituição em Pernambuco está funcionando com apenas uma viatura, até duas a menos que as empregadas antes, e as equipes são orientadas a sair das bases só em casos de acidentes com vítimas ou outras situações de emergência. “Na prática, os policiais não podem mais circular como antes nas rodovias. Todo o trabalho preventivo está zerado”, afirma.
O contingenciamento foi estabelecido pelo Decreto 9.018/2017, que limitou a aquisição de combustível e pagamentos de manutenção e diárias. Na época, o Ministério do Planejamento explicou que a medida foi tomada para “assegurar o cumprimento das metas fiscais” e que tratativas seriam feitas para solucionar o impasse.
Quando o corte foi anunciado, a PRF esclareceu que, a partir de 10 de julho, o atendimento na sede do Recife e nas delegacias regionais passaria a ocorrer das 8h às 12h – antes, era das 9h às 17h -, mas assegurou o expediente por 24 horas nos postos.
Sobre os dados divulgados à Folha, a assessoria de comunicação da PRF no Estado afirmou que “o contingenciamento contribuiu para essa redução” e que a instituição tem trabalhado pela recomposição orçamentária necessária para garantir a prestação de seus serviços.
Fonte: Folha de Pernambuco