A Polícia Federal cumpriu nesta quarta-feira mandados de busca e apreensão na Câmara dos Deputados e nas sedes dos partidos PTB e Solidariedade, além de centrais sindicais, em operação para desarticular organização suspeita de atuar na concessão irregular de registros sindicais junto ao Ministério do Trabalho através do pagamento de propina, informaram autoridades.
Os deputados investigados cujos gabinetes foram alvos de buscas por agentes da PF foram Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Wilson Filho (PTB-PB), de acordo com os próprios parlamentares ou representantes.
Dois destes parlamentares, que não tiveram os nomes divulgados por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que expediu os mandados, também foram alvos de medidas cautelares diversas à prisão, que restringem direitos mas não impedem a liberdade do investigado, de acordo com a PF e o Ministério Público Federal.
Segundo as investigações, apenas pela liberação irregular de um único registro sindical houve pagamentos que envolviam valores que chegaram a 4 milhões de reais.
Paulinho da Força afirmou, em comunicado, que sua citação pela chamada operação Registro Espúrio “não possui nenhum fundamento senão criminalizar o movimento sindical como um todo”, e que ele desconhece “em absoluto” os fatos investigados. O deputado acrescentou que o Partido Solidariedade, do qual é presidente, “não é o responsável pelas indicações no Ministério do Trabalho”.
O PTB, cuja liderança na Câmara confirmou que os deputados Jovair e Wilson Filho tiveram seus gabinetes vasculhados pela PF, disse em comunicado assinado pelo presidente nacional do partido, o ex-deputado Roberto Jefferson, que jamais participou de “quaisquer negociações espúrias” no Ministério do Trabalho.
O partido acrescentou que, se for comprovado na Justiça o envolvimento de petebistas no referido esquema investigado pela Polícia Federal, “os culpados, se houver, devem assumir suas responsabilidades perante a sociedade”.
Além dos partidos e dos deputados, a PF também cumpriu mandados de buscas em sedes de centrais sindicais, inclusive da Força Sindical, que tem como presidente o deputado Paulinho. Em nota, a Força disse ter disponibilizado os documentos requeridos pelos agentes, mas ressaltou que não irá “permitir que criminalizem o movimento sindical como forma de enfraquecer a luta dos trabalhadores”.
A entidade acrescentou, ainda, que continua a apoiar a paralisação dos caminhoneiros, que entrou no 10º dia nesta quarta-feira –apesar de ter perdido força após acordo fechado pelo governo com representantes do setor– e a greve dos petroleiros iniciada nesta própria quarta.
Além das ordens de busca e apreensão, foram expedidos 8 mandados de prisão preventiva e 15 mandados de prisão temporária, além de outras medidas cautelares, como parte da operação Registro Espúrio.
Os mandados expedidos pelo Supremo foram cumpridos no Distrito Federal, São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais, de acordo com a PF.
“Após cerca de um ano, as investigações revelaram um amplo esquema de corrupção dentro da Secretaria de Relações de Trabalho do Ministério do Trabalho, com suspeita de envolvimento de servidores públicos, lobistas, advogados, dirigentes de centrais sindicais e parlamentares”, afirmou a Polícia Federal em comunicado.
Segundo o Ministério Público Federal, o núcleo político do esquema era formado por parlamentares e ex-parlamentares que atuavam indicando e mantendo servidores que faziam parte da organização em cargos estratégicos do Ministério do Trabalho.
O Ministério do Trabalho não respondeu a um pedido de comentário.
Reprodução: Último Instante/Reuters