05

jun/2012

Prazo para substituir terceirizados será descumprido

O governo não deverá cumprir o novo prazo dado pelo Tribunal de  Contas da União (TCU) para a substituição de todos os terceirizados  irregulares por servidores concursados. Em outubro do ano passado, os  ministros do TCU decidiram que a troca deveria ser concluída até  dezembro de 2012.

A finalização da substituição de funcionários  terceirizados depende, em parte, da aprovação de projetos de lei que  criam cargos a serem ocupados pelos novos servidores, de acordo com o  Ministério do Planejamento. O problema é que não há prazo para a  aprovação desses projetos pela Câmara dos Deputados e pelo Senado  Federal.

No fim de dezembro de 2011, existiam 16.321 terceirizados  irregulares nos órgãos da administração pública direta, autárquica e  fundacional, segundo dados do Ministério do Planejamento. Desse total,  cerca de 9.000 faziam parte dos quadros das fundações de apoio que  fornecem serviços aos hospitais universitários.

Os funcionários  terceirizados irregulares são aqueles que ocupam cargos em  atividades-fim, ou seja, aquelas atividades inerentes às categorias  funcionais abrangidas pelos planos de cargos do órgão ou entidade da  administração direta, autárquica e fundacional.

De acordo com o  decreto 2.271/1997, o Executivo federal só pode terceirizar os serviços  de conservação, limpeza, segurança, vigilância, transportes,  informática, copeiragem, recepção, reprografia, telecomunicação e  manutenção de prédios, equipamentos e instalações.

O governo  federal incluiu uma verba de R$ 147,2 milhões no Orçamento deste ano  para concluir a troca de 7.319 terceirizados. O Ministério do  Planejamento informou que o valor é suficiente para concluir o processo,  uma vez que os terceirizados dos hospitais universitários não serão  substituídos por servidores concursados, mas por funcionários do quadro  da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserth).

Até 10  de maio deste ano, o Ministério do Planejamento havia autorizado 605  vagas para novos concursos, com o objetivo de substituir funcionários  terceirizados, além de 263 vagas para efetivo provimento decorrente de  concursos autorizados em anos anteriores. O impacto orçamentário das  autorizações concedidas até aquela data, considerando concursos e  provimentos, era de R$ 36,3 milhões.

O Ministério do Planejamento  advertiu, no entanto, que muitas substituições dependem da criação de  novos cargos, o que só pode ser feito por lei. Esses novos cargos estão  previstos em vários projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional,  principalmente o projeto de lei 2.205, encaminhado pelo governo à Câmara  dos Deputados em 31 de agosto do ano passado. Desde setembro de 2011,  esse projeto encontra-se na Comissão de Trabalho, de Administração e  Serviço Público e até agora não recebeu sequer parecer.

Em 2006, o  Ministério do Planejamento apresentou uma proposta ao TCU de  substituição gradual de todos esses trabalhadores por funcionários  concursados até dezembro de 2010. A proposta foi aprovada pelos  ministros do TCU.

Ao mesmo tempo, o governo, por intermédio do  Ministério do Planejamento e da Advocacia -Geral da União (AGU), firmou  um termo de conciliação judicial (TCJ) com o Ministério Público do  Trabalho, em que se comprometeu a substituir, também até 2010, todos os  terceirizados irregulares.

Com o término desse prazo, alguns  órgãos e entidades públicas encaminharam pedido ao TCU de prorrogação da  data limite. Em outubro do ano passado, os ministros do Tribunal de  Contas da União aceitaram adiar o prazo para 31 de dezembro deste ano.  Mas advertiram, no acórdão 2.681/2011, que o cumprimento da determinação  será acompanhado mediante a realização de fiscalizações periódicas,  podendo resultar, inclusive, em responsabilização do agente público.

De  2006 a 2010, o TCU não puniu nenhum gestor, pois tinha a expectativa de  que o prazo para a substituição de todos os terceirizados fosse  cumprido. Agora, os ministros do Tribunal determinaram que o Ministério  do Planejamento dê ciência aos órgãos e entidades do Executivo federal  de que os agentes públicos responsáveis pela não substituição dos  terceirizados poderão ser punidos.

Fonte: Valor Econômico

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