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abr/2014

Preço da comida sobe e pode superar o limite estabelecido pelo governo

A escalada dos gastos com alimentação, que têm peso significativo no orçamento doméstico, atormenta cada vez mais os consumidores. “Não dá para fugir. Quando os preços em um setor melhoram, certamente, os de outro vão aumentar. Os ovos, por exemplo, eram baratinhos e agora custam R$ 5 a dúzia”, reclama a servidora pública Monique Casado, 30 anos. Ela se refere à variedade produzida nas granjas, que sai mais em conta. Ovos caipiras, porém, podem chegar a R$ 10. A carestia generalizada também atinge produtos como carne e leite, comuns da mesa dos brasileiros, que buscam, como podem, driblar a inflação. Monique, por exemplo, tenta economizar ficando atenta às ofertas dos supermercados e comparando os preços. “Aproveito os dias de promoção e vou, sempre que posso, à Ceasa. A feira é ótima aos fins de semana e dá para comprar mais barato”, contou.

A alta do preço dos alimentos em função do clima desfavorável vem pressionando a inflação desde janeiro. Não é à toa que a popularidade da presidente Dilma Rousseff esteja caindo, conforme mostrou pesquisa eleitoral publicada no último fim de semana, pelo Instituto Datafolha. Segundo o levantamento, o consumidor está cada vez mais preocupado com a perda do poder aquisitivo, devido ao encarecimento constante dos produtos do orçamento familiar. E não há expectativa de melhora a curto prazo. Amanhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai divulgar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, e a previsão dos analistas do mercado financeiro ouvidos toda semana pelo Banco Central (BC) é de que o indicador mostrará alta 0,84% — o maior patamar para o mês em 11
anos, perdendo apenas para o 1,23% de março de 2003.

Técnicos do Ministério da Fazenda admitem que o dado virá salgado, mas têm a esperança de que os preços se acomodarão ao longo do ano. O cenário previsto pelos analistas, no entanto, é bem diferente. Segundo o levantamento feito pelo BC, eles preveem que, entre junho e setembro, o IPCA romperá o teto da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%, voltando a recuar ligeiramente no fim do ano para 6,35%. Os especialistas que mais costumam acertar nas projeções, grupo conhecido como Top 5, no entanto, acreditam que a inflação terminará 2014 em 6,52%, acima do limite fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%. O pior é que esse descontrole inflacionário deve ocorrer num ambiente de baixo crescimento, no qual o Produto Interno Bruto (PIB) mostrará avanço de apenas 1,63%. Normalmente, o desaquecimento da economia acarreta moderação na alta de preços.

Promoções

No Brasil, entretanto, isso não está acontecendo, como constatou o chefe de cozinha Antônio Manoel Porfírio, 45. Há cerca de três meses, ele costumava comprar uma peça de contra-filé por cerca de R$ 15. Hoje, o mesmo produto custa R$ 5 a mais. “O pior é que a qualidade não acompanha. Há muita carne com contrapeso, assim como congelados com água. O jeito é pesquisar e procurar alternativas”, afirma. A esposa dele, Alexandra Silva, 30, sentiu o aumento de preço dos legumes e do leite. “Consumimos muita batata e tomate, então comecei a substituir por mandioca. Já o leite, procuramos por marcas baratas e na promoção para nosso consumo, enquanto a tradicional, mais cara, compramos apenas para Manuela, nossa filha”, disse ela.

Fonte: Correio Braziliense

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