Bloqueio de duas das três faixas da rodovia no sentido Rio de Janeiro causou 10 km de fila às 11h
Um protesto de policiais rodoviários federais chegou a causar 10 quilômetros de congestionamento na Rodovia Presidente Dutra na altura de Guarulhos, na Grande São Paulo. Os agentes bloquearam duas das três faixas da estrada no sentido do Rio de Janeiro e fizeram uma blitz na faixa restante, num ato que começou às 8h07, segundo a concessionária NovaDutra. As filas se estendiam do km 208 ao km 218 por volta das 11h, mas o ato foi encerrado pouco depois e o trânsito flui normalmente no trecho.
Protestos semelhantes da categoria também causaram congestionamento em rodovias de outros quatro estados e no Distrito Federal. Em Goiás, Paraná e Minas Gerais os atos acabaram pela manhã. No Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, as manifestações começaram durante a tarde e têm previsão de acabar nas próximas horas.
Os policiais rodoviários reivindicam a reestruturação da carreira, de nível intermediário para nível superior, a ampliação do efetivo, com realização de mais concursos e a manutenção da aposentadoria com o salário da ativa. De acordo com o presidente da Federação Nacional dos Policias Rodoviários Federais (FenaPRF), Pedro Cavalcanti, novas paralisações devem ocorrer nesta quinta-feira em todo o País pela manhã.
“A gente vem tentando conversar com o governo já faz um tempo, mas não estamos sendo atendidos. Não queríamos trazer transtornos para a população, mas infelizmente tivemos que recorrer a isso”, disse.
Segundo Cavalcante, sindicatos de todos os estados realizarão assembleias na semana que vem, entre segunda e sexta-feira, para decidir se a categoria decreta greve. “Tudo indica que, se nosso relacionamento com o governo continuar assim, a Polícia Rodoviária Federal terá a primeira greve de sua história”, afirmou. O FenaPRF informou que há cerca de 9 mil policiais em todo o Brasil, efetivo que, segundo o movimento sindical, deveria ao menos ser dobrado.
Reivindicações em São Paulo. A mobilização paulista foi organizada pelo Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais no Estado de São Paulo (SINPRF-SP). “Isso não é uma greve e nossa reivindicação não é salarial. Nos mobilizamos para mostrar a falência da segurança pública no País”, disse o presidente do SINPRF-SP, Luiz Antonio Pereira da Silva. O sindicalista, em seu quarto mandato, informou que 15 viaturas participaram do ato e garantiu que o policiamento no trecho de Guarulhos da estrada, entre os quilômetros 205 e 231, não foi prejudicado.
Os bloqueios, segundo ele, foram na verdade comandos, nos quais os motoristas foram parados e informados sobre as demandas da categoria. De acordo com Pereira, os policiais aproveitaram para fiscalizar os veículos e esclarecer motoristas de caminhão sobre as novas regras trabalhistas que começarão a valer para os condutores em breve – como paradas obrigatórias para descanso.
De acordo com Pereira, os bloqueios estavam sendo desfeitos de tempos em tempos por 40 minutos para desafogar o trânsito.
A ação dos policiais ocorreu em frente a um posto da PRF. O protesto faz parte do movimento de greve que afeta diversas categorias federais, como a dos agentes da vigilância sanitária e os fiscais do Ministério da Agricultura.
Outras estradas. No Rio de Janeiro, o protesto começou às 13h e causa um congestionamento na Ponte Rio-Niterói. Quem vai para a cidade vizinha à capital fluminense, enfrenta engarrafamento de 9 km e 1h30 de espera. Como reflexo da interdição na ponte, avenidas do centro de Niterói também têm quilômetros de filas. O centro do Rio não era afetado diretamente até as 15h.
No Rio Grande do Sul, agentes fazem blitz-protesto nos dois sentidos da BR-290 no acesso a Porto Alegre. De acordo com a PRF-RS, os bloqueios começaram às 13h45 e causam 7 km de lentidão em cada um dos lados da pista. Às 15h14 a pista estava sendo liberada pelos manifestantes. Intervenções semelhantes foram feitas em outras quatro cidades do Estado: Uruguaiana (BR-290); Rio Grande (BR-392); São Borja (BR-285); e Monte Negro (BR-386).
No Paraná, bloqueios causaram lentidão na Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu, principal ligação do Brasil com o Paraguai. Também houve interferências no entorno de Curitiba.
Fonte: O Estado de S. Paulo