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jun/2012

Servidores ameaçam greve geral se Dilma mantiver resistência a reajuste

Em reunião encerrada ontem à noite, servidores das dez agências  reguladoras declararam-se em estado de greve a partir de segunda-feira. Com  isso, aumenta o risco de a presidente Dilma Rousseff enfrentar uma greve geral  dos funcionários públicos. A maioria das categorias j á paradas ou com  indicativo de greve quer correção dos salários em 2013.

O secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público  Federal, Josemilton Costa, avalia que cerca de 300 mil servidores já cruzaram os  braços. A greve, segundo ele, pode alcançar 500 mil funcionários. “A construção  é a greve geral”, disse Costa, filiado à CUT, braço sindical do PT. Ontem, a  ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) insistiu em que não haverá  aumentos de salário para o funcionalismo neste ano. A colega do Planejamento,  Miriam Belchior, encarregada de negociar com os servidores, optou por não se  manifestar

Presidente está irredutível e alega que crise internacional recomenda  austeridade; sindicato prevê que até 500 mil cruzarão os braços

A insatisfação dos servidores públicos com a intransigência da  presidente Dilma Rousseff em conceder reajustes salariais, diante do cenário de  crise econômica internacional, aumentou o risco de o governo enfrentar uma greve  geral do funcionalismo. O último movimento grevista importante no Brasil ocorreu  ainda no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em reunião  encerrada nesta quinta-feira, 28, à noite, servidores das dez agências  reguladoras declararam-se em estado de greve a partir de segunda-feira. A  maioria das categorias já paradas ou com indicativo de greve quer correção dos  salários em 2013.

Personagem das mobilizações, o secretário-geral da Confederação dos  Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Josemilton Costa, avalia que  cerca de 300 mil servidores já cruzaram os braços. A greve, segundo ele, pode  alcançar 500 mil servidores. “A construção é a greve geral”, adiantou.

A Condsef é filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT) – braço sindical  do PT, que apoia a greve geral do funcionalismo.

“O governo não consegue apresentar uma contraproposta, só faz protelar a  discussão”, criticou o diretor da CUT Pedro Arnengol. As categorias têm  reivindicações diferentes, mas a maioria quer reajuste de 22% dos salários.

Os servidores têm ouvido que o governo terá uma resposta até 31 de agosto,  prazo final para o envio ao Congresso da proposta de lei orçamentária de  2013.

Nesta quinta, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) insistiu  que não haverá aumentos de salário para o funcionalismo neste ano. “Se as greves  forem mantidas, vão gerar um impasse sem eficiência e sem eficácia. Não há  possibilidade, principalmente em um momento de crise, de executar novas despesas  não previstas”, afirmou a ministra.

A colega do Planejamento, Miriam Belchior, encarregada de negociar com os  servidores, optou por não se manifestar. Sua assessoria informou que o processo  de negociação está em curso e não há data para a apresentação de uma  contraproposta.

O ministério informou ainda não ter um mapa da dimensão do movimento  grevista. Nesta quinta, houve uma nova manifestação em frente ao prédio do  Planejamento. O ato reuniu representantes de 22 categorias de servidores  públicos.

“O governo mais uma vez protelou”, destacou o presidente do Sindicato  Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências), João  Maria Medeiros de Oliveira, após a plenária concluída quinta à noite. Nela, a  categoria que reúne 7 mil funcionários, resolveu parar a partir do dia 17, por  tempo indeterminado, se a negociação não avançar até lá. Além das dez agências  reguladoras, que tratam de vigilância sanitária, petróleo, aviação civil e  energia elétrica, por exemplo, também aderiu ao movimento do Departamento  Nacional de Produção Mineral (DNPM), que cuida das autorizações de pesquisa e  lavra no País.

Professores. A greve mais longa em curso é a dos professores universitários,  parados há 43 dias. Segundo balanço dos sindicatos, das 59 universidades, 56  estão paradas. Dos 38 Institutos Federais de Educação, 36 também aderiram à  greve. Os professores pedem, entre outras coisas, aumento do piso salarial para  R$ 2.329,35 para 20 horas semanais de trabalho. Hoje, o valor é de R$  1.597,92.

Nesse período, houve apenas uma reunião com o governo. Uma segunda reunião de  negociação, marcada para 18 de junho, foi desmarcada pelo Ministério do  Planejamento.

Nesse mesmo dia, os auditores fiscais da Receita Federal – que integram as  categorias com salários mais altos no serviço público iniciaram uma  operação-padrão por reposição salarial de 30,18%. A partir de 1º de agosto, os  auditores poderão parar.

A Polícia Federal, outra integrante do grupo de servidores com salários mais  altos, também discute cruzar os braços. “Decidimos que não vamos mais participar  de reuniões para marcar mais uma reunião. Já apresentamos o que queremos, o  Planejamento reconhece os nossos pleitos, mas não apresenta uma forma para  resolver”, disse Jonas Leal, presidente do Sindicato dos Policiais Federais  (Sindipol).

Num movimento inédito, funcionários do Ministério de Relações Exteriores  também entraram em greve há dez dias. O sindicato contabiliza a adesão em 129  embaixadas, consulados ou postos de representação no exterior. Nesta quinta,  representantes da categoria foram recebidos no Ministério do Planejamento, mas  não há sinal de volta ao trabalho.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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