Líderes das centrais sindicais aproveitaram o encontro com a presidente Dilma Rousseff, ontem, no Palácio do Planalto, durante a solenidade de assinatura de um compromisso por melhorias das condições de trabalho na indústria da construção, para cobrar medidas incisivas no combate à desindustrialização do país. As reivindicações mais contundentes partiram do deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). Ele destacou o problema cambial, que tem estimulado o aumento das demissões na indústria e o fechamento de empresas como consequências da competição desleal dos importados, resultante do real supervalorizado.
“É muito violenta a desindustrialização. É muito rápida. E nós estamos dando pouca resposta para isso. Tem coisas que nós precisamos que a senhora aja rápido”, disse Paulinho para a presidente. Em resposta, Dilma afirmou ter como meta que a taxa de investimento cresça e ultrapasse os 20% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. “Nós não queremos só criar empregos. Queremos criar empregos e distribuir riquezas”, declarou. A chiadeira dos sindicalistas leva em conta que a alta taxa de juros no Brasil e o câmbio valorizado tornam os produtos importados mais atrativos frente aos fabricados pela indústria nacional.
Mesmo as queixas sendo tradicionais nos setores sindicais — que havia poucos anos reclamavam do baixo valor do salário mínimo ou dos arrochos monetários decorrentes das demandas do Fundo Monetário Internacional (FMI) —, os representantes dos trabalhadores, entre eles, Artur Henrique, presidente da CUT, trataram de falar alto ontem no Planalto.
Foi a forma que encontraram para enfatizar o descontentamento com o pouco acesso que têm em relação à Dilma. Para mostrar que não está alheia aos pleitos, a presidente citou números de desemprego, “o menor da história”, e lembrou que, desde 2003, o salário mínimo teve aumento real de 66%. (GHB)
PIB avançou 2,8% em 2011
A economia brasileira voltou a crescer no fim do ano passado, depois dos cortes na taxa básica de juros ( Selic) e dos incentivos fiscais dados pelo governo, sobretudo para a compra de eletrodomésticos. Pesquisa realizada pela agência Reuters, com 29 analistas, mostra que a o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 0,2% entre outubro e dezembro, depois de ter variação zero nos três meses anteriores. Caso esse resultado se confirme, a economia brasileira, a maior da América Latina, fechou 2011 com um salto de 2,8%, abaixo de todas as estimativas do governo. Em 2010, o último da era Lula, o PIB cravou alta de 7,5%. “Os dados devem mostrar que a economia ficou praticamente estagnada no segundo semestre do ano passado”, disse o economista de mercados emergentes da Capital Economics, David Rees.
Correio Braziliense