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maio/2012

Supremo derruba 66 leis

Das 77 normas federais e estaduais  apreciadas pelo STF no ano passado, 83% foram declaradas  inconstitucionais. Falta de conhecimento dos legisladores é a principal  razão do índice elevado

Entra ano, sai ano e o  país continua produzindo leis inconstitucionais. É o que mostra um  levantamento feito pelo Anuário da Justiça Brasil 2012 . Os números  apontam que 83% das leis br asileir as que foram alvo de ações no  Supremo Tribunal F eder al (STF) no ano passado acabaram sendo  derrubadas . Das 79 nor mas julgadas em 2011, 66 foram declaradas  inconstitucionais — o número inclui matérias federais e estaduais. O  Distrito Federal aparece em segundo lugar no ranking de unidades da  Feder ação que pr oduziram mais legislações ilegais: entre as sete leis  distr itais apreciadas , seis foram anuladas pelo STF.

O DF perde  apenas para o Rio de Janeiro, que, no ano passado, viu 100% de suas 13  leis julgadas pelo Supremo serem consideradas inconstitucionais. De  acordo com o anuário, produzido pelo site Consultor Jurídico em parceria  com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), os legislativos locais  são os campeões no quesito produção de normas que ferem os preceitos da  Constituição.

Uma das normas distritais revogadas pelo STF é a  Lei n° 3.769/06, que proibia o GDF de realizar processo seletivo para a  contratação de estagiários. No julgamento, realizado em fevereiro de  2011, os ministros avaliaram que a lei feria os princípios da  impessoalidade e da igualdade, uma vez que, segundo eles, o “tratamento  igualitário” só pode ser promovido por meio de seleções públicas. O STF  apontou, ainda, que a Câmara Legislativa não tem competência para criar  regras que interfiram no funcionamento do Poder Executivo.

O  levantamento do Anuário, que será lançado no Supremo na próxima  quarta-feira, indica que o número de leis inconstitucionais cresceu nos  últimos seis anos. Em 2007, no primeiro ano em que a pesquisa foi  realizada, 75% das leis julgadas acabaram derrubadas, contra 83% de  2011. Em relação ao DF, os números não mudaram muito. Em 2010, o Correio  noticiou que todas as seis leis criadas pela Câmara Legislativa que  haviam sido alvo de ações no STF acabaram revogadas. Outro exemplo é a  Lei Distrital n° 2.769/2001, que regulamentou a profissão de motoboy no  DF. A norma foi declarada inconstitucional em agosto passado, uma vez  que somente a União tem competência para definir regras no campo das  relações trabalhistas.

CCJ
Para o deputado  Chico Leite (PT), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)  da Câmara Legislativa, são três os fatores que explicam a segunda  posição do DF no ranking: o desconhecimento dos próprios parlamentares, a  limitação do Poder Legislativo na criação de leis e a má-fé de  deputados. “Hoje, quase tudo que é importante é de iniciativa do  Executivo, seja por força da Constituição ou da Lei Orgânica”, disse o  petista. “Mas há também leis criadas com intenções meramente  eleitoreiras para guardar falsa expectativa aos eleitores”, completou.  Segundo o deputado, a CCJ tem feito um trabalho rigoroso de controle de  constitucionalidade para diminuir os casos de leis inconstitucionais.

Fonte: Correio Braziliense

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