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out/2012

Os apagões de Dilma

Da promessa várias vezes repetida pela então responsável pelo setor de  energia do governo Lula e depois candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff,  de que, com ela no governo, não haveria mais apagões, só ficou a lembrança.  Interrupções do fornecimento de energia elétrica continuam a ocorrer com  frequência, afetando diferentes regiões do País e causando transtornos a milhões  de brasileiros, comprovando a fragilidade do sistema elétrico administrado pelo  governo Dilma.

O apagão mais recente ocorreu entre a noite de quarta-feira (3/10) e a  madrugada seguinte, quando parte das Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e os  Estados do Acre e de Rondônia ficaram sem energia. Ao tentar minimizar o  episódio, considerando-o apenas um “apaguinho” e tentando justificá-lo com a  afirmação de que “defeitos acontecem”, o diretor-geral do Operador Nacional do  Sistema (ONS), Hermes Chipp, desfez parte das esperanças do consumidor  brasileiro de que, a partir de investigações precisas, afinal, o governo reduza  o risco de repetição de fatos como esse – e a presidente comece a cumprir o que  prometeu.

Enquanto o ONS ainda se preparava para iniciar as investigações do apagão de  quarta-feira, na tarde de quinta-feira (4/10), a região central de Brasília  ficou sem energia elétrica.

O apagão – pois foi disto que se tratou – de quarta-feira teve como causa uma  pane num dos transformadores de uma subestação administrada pela estatal Furnas  em Foz do Iguaçu, que provocou a retirada do sistema interligado, administrado  pelo ONS, de uma carga de 3,5 mil megawatts originária da Usina Hidrelétrica de  Itaipu. Imediatamente, as companhias distribuidoras foram orientadas a suspender  a distribuição de energia elétrica.

Embora a suspensão tenha sido seletiva, como esclareceu o ONS, uma extensa  área do País ficou temporariamente sem energia. No Estado de São Paulo, 24  municípios, entre os quais a capital (parcialmente) e 7 outras cidades da Grande  São Paulo, ficaram às escuras por um período que variou de 2 a 5 minutos. Só na  região metropolitana, foram afetados 695 mil consumidores. Em outros Estados, a  interrupção foi mais longa.

“Embora (a estatal Furnas) faça manutenção, esses defeitos acontecem”, disse  Chipp. Ele duvida que seja imposta alguma multa ou punição à empresa responsável  pelo corte de fornecimento, pois não acredita que tenha havido negligência nesse  caso. “As empresas estão fazendo a manutenção dos equipamentos regularmente. A  probabilidade de o problema ocorrer novamente é muito remota.”

Pode, de fato, ser pouco provável a repetição desse problema, na mesma  subestação, com os mesmos efeitos observados há dias. Mas, por outros motivos,  outros problemas têm surgido, interrompendo o fornecimento de energia em  diversos pontos do País, em períodos diferentes ou simultaneamente.

Nenhum sistema elétrico é imune a falhas. É praticamente impossível eliminar  o risco de acidentes que provoquem a interrupção do fornecimento de energia. A  redução do risco para níveis próximos de zero, por sua vez, exigiria  investimentos pesados que, na avaliação dos técnicos, não compensariam. Mas o  sistema brasileiro – bem ao contrário do prometido por Dilma – está longe da  segurança possível, pois, nos últimos anos, acidentes continuaram a ocorrer com  frequência bem maior do que a tolerável.

Em 2009, por exemplo, 60 milhões de brasileiros em 18 Estados ficaram sem  energia elétrica por até seis horas, por causa da interrupção de três linhas de  alta-tensão que vinham da Usina de Itaipu, provocada por problemas na subestação  de Itaberá, no Estado de São Paulo.

Para especialistas do setor, 2011 foi o ano em que se registrou o recorde de  interrupções de fornecimento de energia. Em fevereiro de 2011, um blecaute  provocado por falha no sistema de proteção de uma subestação em Pernambuco  deixou oito Estados do Nordeste sem luz.

Há poucas semanas, novo apagão, provocado por falhas do sistema de proteção  de outra subestação, em Imperatriz, no Maranhão, afetou 11 Estados do Norte e do  Nordeste.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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