O esforço do governo em reduzir os gastos com pessoal corre o risco de ir por água abaixo, apesar da aparente vitória da equipe da presidente Dilma Rousseff, no ano passado, quando impôs o aumento de 15,8%, em três parcelas, inclusive para aqueles a quem apelidou de “sangues-azuis”. À época, estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostravam que várias categorias pediam reposições salariais exorbitantes, de até 151%.
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, chegou a revelar que, se atendesse a todas as demandas, o rombo no orçamento da União superaria R$ 92,2 bilhões. Os servidores de elite não engoliram o acréscimo abaixo da inflação oficial — 5,84%, em 2012, e cerca de 6%, em 2013 — e encontraram uma forma de driblar o Executivo e auferir aumentos que podem chegar a 43,53%, para mais de 73,9 mil pessoas, com impacto financeiro acima de R$ 626 milhões.
A estratégia articulada com o Legislativo é a apresentação de propostas de emendas à Constituição (PECs). Se apenas duas delas forem aprovadas — as PECs 147/2012 e 443/2009 —, os salários de fim de carreira de auditores fiscais, analistas tributários, advogados e procuradores, entre outros, subiriam 43,53% até 2015.
Fonte: Correio Braziliense