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out/2013

Renovação da Câmara tende a ser recorde em 2014

As eleições para a Câmara dos Deputados, objeto de desejo dos partidos políticos, devem ser das mais concorridas e com um índice de renovação superior à média histórica, pelas razões a seguir.

Em primeiro lugar porque os partidos, interessados nos recursos do fundo partidário e na ampliação da propaganda eleitoral gratuita, ambos calculados com base no desempenho para a Câmara, tem priorizado o recrutamento de quadros e lideranças com o objetivo de aumentar suas bancadas de deputados federais.

Em segundo lugar porque as manifestações de junho e julho de 2013 demonstraram a insatisfação com a atual representação política, especialmente com a Câmara dos Deputados, cuja imagem está muito negativa, tanto pelos escândalos de corrupção, quanto pela absolvição do deputado presidiário Natan Donadon (sem partido-RO), além do fraco desempenho no atendimento da agenda que motivou os protestos.

Em terceiro lugar porque muitos dos atuais parlamentares devem desistir da tentativa de reeleição, seja pela desilusão com o Parlamento, seja pelos elevados custos de campanha, de imagem e desgastes no exercício do mandato.

A média de desistência, nas últimas seis eleições (1990 a 2010), ficou em torno de 19%, segundo levantamento do Diap – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar. Isto significa que dos 513 deputados, em média, 97 desistiram da reeleição, seja por desencanto com o Parlamento, por simples inviabilidade de renovação do mandato, seja para concorrer a outros cargos.

Em quarto lugar porque o índice de renovação está sempre associado ao ambiente político. Quando o ambiente é de crise, com escândalos, como o atual, a renovação aumenta. Quando o ambiente é de relativa estabilidade, o desejo de mudança diminui. A seguir uma tabela com o histórico de reeleição nas últimas seis eleições para a Câmara dos Deputados.

Histórico de renovação na Câmara dos Deputados – 1990 a 2010

Ano da eleição Composição da Câmara no ano da eleição Nº de candidatosà reeleição Índice de recandidatura Nº de reeleitos Índice de reeleição¹ Nº de novos Índice de renovação²
1990 495* 368 74,34% 189 51,35% 306 61,82%
1994 503** 397 78,92% 230 57,93% 273 54,28%
1998 513 443 86,35% 288 65,01% 225 43,86%
2002 513 416 81,09% 283 68,02% 230 44,83%
2006 513 442 86,16% 267 60,41% 246 47,95%
2010 513 407 79,33% 286 70,76% 227 44,25%
*A transformação dos territórios do Amapá e Roraima em Estado aumentou em oito deputados a composição da Câmara que, na Legislatura de 1991-1995 passou de 495 para 503 deputados.** Na Legislatura 1995-1999 passou de 503 para 513 deputados, em razão de lei complementar que aumentou a bancada de São Paulo de 60 para 70 deputados.

¹O índice de reeleição da Câmara considera apenas os deputados no exercício do mandato que são candidatos à reeleição.

²O índice de renovação é calculado na composição total da Câmara.

 

Apesar das vantagens comparativas dos candidatos à reeleição em relação aos candidatos que não estão no exercício do cargo, a renovação tem sido elevada, mesmo para os padrões brasileiros. Na maioria dos países a renovação, em média, é inferior a 10%, especialmente nos países em que se pratica o voto distrital.

O candidato à reeleição, além do nome e do número já conhecidos e de uma relação de serviços prestados às suas bases eleitorais, eles têm a seu favor cabos eleitorais fidelizados — muitos dos quais contratados nos gabinetes — e a estrutura fornecida pelos legislativos para o exercício do mandato.

Entre as vantagens, podemos apontar: 1) as emendas individuais, cujo valor anual supera R$ 10 milhões de reais; 2) a quota entre R$ 30 e R$ 38 mil por mês para despesas diversas do mandato, como passagens áreas, telefonia e material de expediente, consultoria, hospedagem, impressão de material, combustível, locação de veículos e aluguéis de escritórios políticos, etc; 3) verba de R$ 78 mil mensais para a contratação de pessoal no gabinete e no estado de origem e 4) poder, prestigio e acesso aos veículos de comunicação.

No pleito de 2014, apesar da dificuldade de reeleição ser geral, inclusive pelos estratosféricos custos de campanha, alguns segmentos terão mais dificuldades, caso não haja um engajamento efetivo dos representados. Entre estes segmentos, destacamos os parlamentares da bancada sindical, que tem priorizado a defesa dos interesses dos trabalhadores, servidores e aposentados e pensionistas, mas não tem sido correspondido em termos de apoio nos pleitos eleitorais.

A grande renovação, entretanto, não significa que a mudança seja qualitativa. Isto reforça a necessidade de o eleitor, desde já, começar a analisar os perfis e trajetória pessoal, profissional e política dos potenciais candidatos, para que a renovação não seja apenas quantitativa, mas, principalmente, qualitativa.

 

Fonte: DIAP – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar

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