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jun/2014

Trabalhadores questionam exigências excessivas a categorias em greve enquanto patrões que descumprem acordos seguem sem qualquer penalidade imposta

Aderir a uma greve nunca é o desejo de um trabalhador. Ao contrário, greve é um movimento difícil, penoso, impõe sofrimento e angústia. Um trabalhador nunca entra em um movimento de greve sem um forte motivo que o leve a tomar essa decisão. Greve é antes de tudo uma necessidade, uma imposição gerada por inúmeras e diferentes circunstâncias. Um processo de greve tem início quando um conjunto de trabalhadores vê que se esgotaram todas as possibilidades de conseguir alcançar avanços nos diálogos que levem a um entendimento com quem está do outro lado desse processo: o patrão. Não bastassem todos os obstáculos e dificuldades que já colocam os trabalhadores em situação frágil num processo de greve, a Justiça, com quem esses trabalhadores em última instância esperam contar, tem tomado decisões que favorecem tão somente aos patrões.

Exemplos recentes não param de surgir. No setor público, onde os servidores ainda não possuem direito a negociação coletiva, o governo tem trocado o diálogo pela utilização de balcões de uma justiça que se mostra burguesa, aplicando seu martelo implacavelmente contra os trabalhadores. Multas a entidades têm sido aplicadas, canetadas contra trabalhadores impostas sem sequer que audiências de conciliação sejam convocadas. No entanto, a mesma rapidez no julgamento do desconto de dias parados e aplicação de multas exorbitantes para entidades sindicais não existe para cobrar do governo o cumprimento de acordos firmados e ainda pendentes.

Para a Condsef, infelizmente a justiça tem imposto sua força apenas contra os trabalhadores. Aparentemente, não há contrapartida quando o assunto é exigir dos patrões o mesmo rigor na aplicação justa de suas obrigações para com seus empregados. Numa situação desproporcional, o que se vê é que o direito de greve vem sendo tolhido pelo Judiciário. Mas os trabalhadores continuam sua luta e seguem acreditando que a Justiça cumpra com seu verdadeiro papel.

A Condsef continua apoiando integralmente as greves dos setores de sua base, Cultura e Ebserh, além de estar ao lado também dos servidores técnicos administrativos das universidades, institutos federais de ensino, IBGE, metroviários e tantos outros trabalhadores dos setores público e privado. A inabilidade de buscar solução por meio de diálogo ainda é um dos maiores causadores das greves em curso e de outras com possibilidade de ocorrer. Com relação à Justiça, o diálogo é também o que se espera.

Não há possibilidade de que os trabalhadores aceitem a imposição de multas, cortes de ponto e cerceamento de seus direitos constitucionais sem ao menos que tenham direito de expor suas razões e motivos para um movimento de paralisação em uma audiência de conciliação. Nenhum trabalhador quer uma greve. Ela existe por um motivo. E cabem às partes envolvidas encontrar a melhor forma de solução de conflitos. Os trabalhadores que vão continuar lutando por suas demandas legítimas seguem apostando no diálogo e acreditando na justiça.

Fonte: Condsef

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