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set/2020

ENTREVISTA – PRF salva bebê desacordado no Rio Grande do Sul

No final de agosto, no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, policiais rodoviários federais estavam no plantão quando um Fiat Uno atravessou a rodovia em direção ao posto. Os PRFs ficaram surpresos quando dois adultos adultos desceram do veículo com uma bebê de apenas quatro meses, quase sem sinais vitais. O PRF Alexsandro Zanette agiu rapidamente e em poucos segundos conseguiu salvar a vida da criança.

A FenaPRF conversou com o policial rodoviário federal sobre o ato de heroísmo realizado durante seu plantão, acompanhe abaixo:

O PRF Alexsandro Zanette realizou o salvamento da bebê de 4 meses

– Qual foi a primeira reação que você e seu colega tiveram ao ver um carro cruzando a rodovia?
PRF Zanette: Estávamos de serviço 24h neste dia, cumprindo o Cartão Programa que prevê 12h de atividades operacionais. Chegamos na UOP PRF Montenegro por volta das 19h30 para uma pausa na ronda. Enquanto tirávamos o colete balístico, observamos que um veículo acessava a área de conversão à esquerda defronte à UOP, contramão de direção, deduzimos que poderia ser alguma emergência ou simplesmente um motorista atrapalhado. Saímos da UOP e formos de encontro ao veículo, momento em que mãe gritou que a criança não estava respirando.

– Quando os pais informaram da situação, o que você pensou?
PRF Zanette: Enquanto pegava a criança no colo e realizava a avaliação primária, perguntei pra mãe o que tinha ocorrido, disse que estava dando banho na filha enquanto dormia, pois tinha ficado sonolenta devido as vacinas administradas no dia. Avaliei que tratava-se de obstrução de vias aéreas por afogamento, de mediato apliquei as compressões de desobstrução de vias aéreas utilizadas em lactente, e na quarta manobra, senti um líquido escorrer, e a criança começou a chorar. Foi um alívio ter tido êxito no feito. Levamos a criança para dentro da UOP, com o escopo de realizar a avaliação secundária, a ausculta pulmonar e cardíaca, e aferir os demais sinais vitais.

– Já realizou muitas vezes este de manobra de salvamento? Já fez algum tipo de treinamento para situações assim?
PRF Zanette: Este foi o primeiro caso de manobra para desobstrução de vias aéreas por lactente que realizei em serviço. Fiz um curso de Primeiros Socorros em 1996, sou da turma de 1994, e no ano 2000 fiz o Curso de Socorrista em Atendimento Pré-hospitalar – Básico, fornecido pela PRF e administrado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Desde então, continuei com as atualizações e certificação de Socorrista, inclusive capacitando-me como Instrutor da disciplina de Atendimento Primeiros Socorros (APS) da PRF. Sou Bacharel em Direito, mas acredito que a especialização na área da saúde na nossa atividade sempre é bem-vinda. Atualmente sou Acadêmico do 8º Semestre do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

– E quando a criança reagiu à manobra, o que você sentiu na hora? Deu um alívio de ver o bebê respirando?
PRF Zanette: O sentimento é de dever cumprido. É o resultado dos treinamentos e das capacitações realizadas e fornecidas pela PRF, as quais, sem sombra de dúvida, fomentaram para este desfecho de sucesso. Quem salvou a criança foi um Policial Rodoviário Federal, não quero este crédito somente para minha pessoa, mas estendido aos demais policiais rodoviários federais, desde os gestores aos instrutores que formam essa polícia de excelência.

– Em todos estes anos de profissão, já passou por outros momentos tão emocionantes como este?
PRF Zanette: Com certeza foram muitas as ocorrências que deixaram sentimentos de tristeza e emoção. São 26 anos de atividades operacionais e administrativas, voltadas a assistência e no atendimento aos usuários das nossas rodovias federais e, sem deixar de mencionar, aos colegas de farda nas operações que atuei.

– Deixe uma mensagem a outros colegas PRFs que possam enfrentar situações parecidas.
PRF Zanette: O atendimento da criança asfixiada no dia 27 de agosto de 2020, que foi amplamente divulgada pela imprensa, é o resultado dos treinamentos e capacitações desenvolvidas pela PRF. Não podemos desperdiçar esses momentos, pois não sabemos quando é chegada a hora de agir. O Conhecimento e a Habilidade sem a Atitude nas ações, são como palavras sopradas ao vento. Por isso, diante das situações em que o PRF é colocado em evidência, manter a calma é o primeiro passo, o segundo é colocar em prática o que se aprendeu.

 

Assista à reportagem da TV Band sobre o ocorrido:

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