O quarto dia de mobilização dos servidores públicos federais, que, mais uma vez, contou com o reforço de estudantes universitários, foi marcado por muita confusão na porta do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, na Esplanada dos Ministérios. Os trabalhadores em greve fizeram uma corrente humana em frente às cinco entradas do edifícios, impedindo o acesso de funcionários. O ato provocou empurra-empurra entre os manifestantes e policiais militares, que tentaram liberar a entrada.
Trabalhadores do Planejamento reclamaram da atitude das lideranças sindicais que propuseram o manifesto. “Ninguém pode forçar o trabalhador a entrar em greve”, reclamou uma funcionária que preferiu não se identificar. Apesar da reprovação de colegas de trabalho, os grevistas conseguiram uma reunião, de última hora, com Valter Correia e Sérgio Mendonça, secretários do ministério e responsáveis pela área de Recursos Humanos.
O encontro, no entanto, foi, mais uma vez, um momento de apresentação de pedidos, sem promessas por parte do Executivo. “Serviu apenas para reafirmar as nossas propostas e mostrar que a paralisação continuará até que tenhamos uma resposta concreta”, avisou o secretário executivo da Central Sindical e Popular (CSP), Paulo Barela.
Também conseguiram dialogar com o governo representante da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) e líderes de entidades representativas do setor elétrico. Eles conversaram com o assessor especial da Secretaria-Geral da Presidência da República, José Lopes Feijó, que prometeu levar as demandas da categoria, parada desde o dia 16, para o Ministério de Minas e Energia.
Acampamento
O comando de greve nacional garantiu que os servidores permanecerão parados pelo menos até 31 de julho, prazo pedido pelo Palácio do Planalto para avaliar as possibilidades de reajustes no Orçamento de 2013. “O movimento continuará até que o governo abra as negociações de fato, porque, até agora, as reuniões não foram favoráveis”, afirmou o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo. Segundo ele, novas categorias devem aderir ao movimento nos próximos dias, mas ele não detalhou quais. “Queremos pressionar cada vez mais o governo.”
Cerca de 3 mil servidores públicos de 26 categorias e de 24 estados e o Distrito Federal estão acampados na Esplanada dos Ministérios desde segunda-feira. Os trabalhadores devem desmontar as barracas hoje, mas já pensam no próximo ato que farão para chamar a atenção do Executivo. De acordo com Paulo Barela, no próximo dia 2 de agosto haverá mais um grande protesto em todo o país. “Vamos chamar a atenção de toda a população. O Brasil vai parar”, anunciou, durante um discurso.
BC em negociação
Funcionários do Banco Central promoveram, ontem, uma assembleia-geral em todo o país para reivindicar equiparação salarial com a Receita Federal e reposição de perdas inflacionárias. Em São Paulo, o ato ocorreu em parceria com outras categorias do governo federal, mas em nenhuma das praças o funcionalismo compareceu em peso por causa do período de férias. As negociações entre trabalhadores e governo, no entanto, terminam em 31 de julho, quando os servidores esperam que uma proposta seja apresentada. O Palácio do Planalto e o Ministério do Planejamento querem travar qualquer possibilidade de reajuste em função da perspectiva de menor arrecadação no ano. Enquanto uma solução não surge, as categorias seguem em manifestações quase que semanais até a prazo final das negociações.
Fonte: Correio Braziliense