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out/2015

Homem que matou PRF atirou após voz de prisão e se diz arrependido

Segundo Polícia Civil, suspeito de 28 anos admitiu ter atirado na vítima. Outros 2 homens que estariam envolvidos no crime também foram presos.

Marcelo Caribé Carvalho foi morto durante assalto
(Foto: Juliana Almirante/ G1 Bahia)

O terceiro homem preso suspeito de envolvimento na morte do policial rodoviário federal Marcelo Caribé de Carvalho, baleado durante um assalto no bairro da Pituba, em Salvador, se mostrou arrependido pelo crime e admitiu em depoimento que atirou no policial após receber voz de prisão.

Victor Vagner Matos Neri, de 28 anos, foi capturado no início da tarde desta sexta-feira (2) quando estava ao lado do advogado a caminho da delegacia para se entregar, na Piedade, centro de Salvador. Outros dois homens suspeitos de participação no crime já estão presos.

Victor contou à polícia que ele e os outros dois comparsas passaram pelo local do crime três vezes antes de abordar as vítimas, que estavam bebendo em uma barraca perto do supermercado HiperIdeal, na Pituba. Segundo o delegado Odair Carneiro, o grupo percebeu que havia objetos de valor entre as vítimas, como celulares e relógios.

Após as vítimas serem abordadas, o policial teria dado voz de prisão e Victor, que estava de costas para o policial, apontando a arma para outra pessoa, virou e atingiu a testa do PRF com um disparo fatal. “Vítor narra que eles realmente foram ao local para fazer um robo e que, quando estava abordando uma das vítimas, ouviu uma voz dizendo: ‘é polícia, queta’. Então, ele virou em direção ao policial e efetuou o disparo”, disse o delegado.

Nesta semana, Vítor chegou a ficar internado usando um nome falso no Hospital do Subúrbio, na capital, após ser baleado em uma das pernas em circunstâncias que são investigadas. O suspeito relatou que foi atingido por um disparo de arma de fogo em uma tentativa de assalto no bairro de Cosme de Farias.

“Ele disse que teria tomado esse tiro e que foi o Hospital do Subúrbio, onde deu entrada com outro nome. Como no local tinham outras pessoas vítimas de arma de fogo e ele percebia que policiais sempre entravam na unidade para fazer averiguação, solicitou alta médica para não ser descoberto e saiu pelas portas do fundo”, afirmou Carneiro.

O suspeito deixou o hospital na manhã da quinta-feira (1º). O delegado informou que pretende ouvir o rapaz ainda nesta sexta para esclarecer em quais circunstâncias o suspeito foi baleado e como fez para entrar na unidade de saúde utilizado nome falso. “Ele saiu da unidade de saúde porque solicitou alta e isso, segundo os médicos, pode ser feito por qualquer paciente, mediante assinatura de termo de responsabilidade. O posto policial não foi informado da saída porque não é preciso carimbo da polícia para que a alta ocorra”, destacou.

Idenivaldo Santos, Paulo Tiago e Victor Vagner foram presos por envolvimento no crime. (Foto: Alan Tiago /G1)

A prisão de Vítor ocorreu logo após a polícia ter apresentado à imprensa, no final da manhã desta sexta, os dois suspeitos já presos por envolvimento no crime. Idenivaldo Santos de Oliveira, 33 anos, foi preso pela polícia quatro dias após o crime, na segunda-feira (28) e Paulo Tiago Rabelo dos Santos, 23, se apresentou à polícia na quarta (30). Conforme o delegado Odair Carneiro, os suspeitos serão encaminhados ao presídio e ficarão à disposição da Justiça.

Buscas
Em coletiva de imprensa nesta sexta, a polícia revelou que montou uma força-tarefa entre as Polícias Rodoviária Federal, Civil, Militar e Federal para elucidar o crime.

Durante a semana, a polícia chegou a um esconderijo de Victor, na região de Cosme de Farias, na capital baiana, mas ele já havia fugido. No local, foi apreendida a arma que teria sido usada no crime, um revólver calibre 38, drogas e documentos pessoais.

Segundo a polícia, Idenivaldo foi o motorista do carro que levou os criminosos ao local do assalto. Com ele, a polícia apreendeu um veículo Gol. Na entrevista à imprensa, o suspeito negou ter cometido o crime. “Eu sou trabalhador. Eu posso pagar, mas tenho que falar, eu nunca usei droga. Eu emprestei o carro para Victor e não sabia o que ia fazer com o carro. Cadê a prova de que eu dirigi?”, disse.

Paulo não falou durante a coletiva de imprensa, mas, segundo o delegado Odair, teria afirmado em depoimento que cometeu o crime porque precisava pagar uma dívida de R$ 600 para pagar o consumo de drogas. “Paulo narrou que ouviu os disparos e estava de costas quando ouviu os disparos. O policial, quando notou que era assalto, deu voz de prisão ao Victor e estava armado no momento”, conta o delegado.

Conforme a polícia, os suspeitos não tinham passagem por crimes, mas as investigações apontam que eles tinham envolvimento com tráfico de drogas e roubos. Para chegar aos suspeitos, a força-tarefa usou inicialmente as imagens de câmeras de seguranças do bairro, além do trabalho de inteligência das polícias, buscas nas ruas e informações colhidas através do Disque Denúncia.

Participaram da força-tarefa equipes da Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM), do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), do Departamento de Crimes contra o Patrimônio (DCCP), da Coordenação de Operação Especial (COE), da polícia militar e federal trabalharam em conjunto para a prisão dos criminosos.

Crime
Lotado em Porto Velho, em Rondônia, Marcelo de Carvalho estava de folga e participava da própia festa de despedida com amigos e familiares. Ele retornaria para Rondônia no dia seguinte, segundo informações de nota divulgada pelo Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais da Bahia (SINPRF – BA), que lamentou o ocorrido.

O crime aconteceu por volta das 21h30 da quinta-feira (24). De acordo com a polícia, Marcelo Caribé de Carvalho estava em uma barraca perto do supermercado HiperIdeal, com amigos, quando os criminosos anunciaram o assalto. Marcelo teria reagido à abordagem e foi baleado na cabeça. A morte encefálica foi confirmada pelo Hospital da Bahia na manhã de sábado (26). O policial foi enterrado no mesmo dia.

Fonte: G1

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